PaPos Nascentes - poéticos, psicoterapia, mentoria

Powered By Blogger

domingo, maio 05, 2013

À MODA DE NERUDA / NERUDECE



qual a temperatura das ironias?
quanto pesam as ambiguidades?

grosserias valem quantos impropérios?

quanto custam impropriedades?

ardem na pele as duchas frias?

o que celebram as celebridades?

fogos fátuos amam cemitérios?

que perguntas ocultam que verdades?

quantas perguntas nos faz um só Neruda?

e por que tantas engasgam no gogó?

meia-verdade merece alguma ajuda?

ou a mentira inteira dorme bem melhor?

quando a flor esquece a cor em casa

na borboleta nasce nova asa?

foi terremoto o que pariu a tsunami?

ética se estica? falha ou atrasa?

grito de gol balança a roseira

e seu perfume despenteia cravos?

desde quando mal-me-quer a margarida?

a amarga vida... dois ou três oitavos?

tiro de poesia é violeta ou violenta?

violentada é só com pé quebrado?

se toda poesia é pó

rima com quê o narcotráfico?

beijo no amigo é véspera do contágio

ou você brinca, amada, como eu brinco?

no ato rebato de bate-pronto:

quanto mais quatro fica cinco?

zoom no zabumba: tá faltando um?

onde vaga a vagabunda? onde sonha?

no delírio do poema a espuma cala?

ou o oceano faz marola e nem se abala?

**************



kiom temperaturas ironioj?
kiom pezas iu ambigueco?

kiom insultoj valoras ja krudeco?

kiom kostas ies nekonvenaĵ'?

ĉu ardas haŭte ja duŝoj malvarmaj?

kion tiom celebras famularo?

ĉu tombejojn amas vagaj lumoj?

kiuj demandoj kiujn verojn kaŝas?

kiom demandoj nin faras ununur Nerudo?

kaj kial multaj sufokas en la gorĝ'?

duonvero ĉu meritas iun helpon?

ĉu plibone dormas la tuta mensog'?

kiam la flor' forgesas la koloron hejme
en papilio naskiĝas do nova flugil'?

cunamon ĉu tertremo ĝin akuŝis?
ĉu etiko etendiĝas, malsukcese ĉu malfruas?

ĉu golokrio la rozujon skuas
kaj dianton malkombas ŝia parfum'?

ekde kiam min malamas tiu lekanto?
amara vivo... ĉu du aŭ tri okonoj?

paf' de poezi', ĉu violo? ĉu perfort'?
seksperfortita, nur se rompita al ŝi pied'?

se ja pulvoras ĉiu poezi'
kun kio rimas la drogotrafik'?

kiso de amik', ĉu antaŭtago de kontaĝ'?

aŭ ĉu vi ludas, amatin', per mia lud'?

tujbabile mi tuj refutas vin:
kiom plus kvar faras kvin?

zumo al zabumbo: ĉu mankas unu?
kien vagas kie revas inovagemul'?

poemdelire ĉu la ŝaŭmo mutas?
ĉu oceano ondetas senskue?

quarta-feira, maio 01, 2013

AMVARMIGO / AMOR FERVENTE


natura parfumo
kolektiĝas ĉe l' flor'
- kondenso de lumo

amo kaj amoro
papilie sur sino
plibonas ol oro

sur mi via inklino
fariĝas furoro:
vin amas, virino!

bongusta bonodor'
kun vi kombinas
varmiĝas l’amor'...

- mi masklas vi inas!

************

natural perfume
emanado da flor
- condensada luz

borboleteiam 
sexo amor teu seio 
melhor que ouro

a mim te inclinas
mas já furor:
te amo, mulher!

gostoso odor
contigo combina
o sexo ferve...

- pierrô colombina!

terça-feira, abril 30, 2013

AMMOMENTO / MOMENTO DE AMOR



via virineca eco!
eco kiun mi trafingre
inge lange umas
dumas salivumas
ĝisfunde al mia eco


vivu la amo, vojo
al via plej intima
adreso:
nia plena ĝojo

******************

sua feminilidade!
entre meus dedos
dentro língua úmida
lívido salivo livre
fundo minha qualidade

senda ao vivo amor,
seu mais íntimo
endereço:
nosso pleno gozo

quinta-feira, abril 25, 2013

RETOMADA



Não me abalo, não me aflijo,
não me aperto, não me assusto,
nada quero, nada exijo,
só me vem o que for justo.

Não me mostro, não me acanho,
não me apresso, não me atraso,
não me perco, sei que ganho
o que é meu - e no meu prazo!

(gentilmente musicado por Flávio Fonseca;)

quarta-feira, abril 24, 2013

ARTE DA PAZ E DA INTEIREZA

Arte muito bela e pacífica. A arte da inteireza. Tre bela kaj paca arto. La arto de la senfrakcieco.


Poezia corporal: corpoment'espírito. Korpa poezio: korpomens'espirito.

(Dankeme al Advalk Ferreira)

Clique e curta. Klaku kaj ĝuu.

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=NlrsQo9EjHE


sexta-feira, abril 19, 2013

SPARKO




vivas poemo
el memoroj pri aliaj vivoj:
                      nur en ties vivoj
                      (fulm'moment' sen memoro)
                      la spark' de l' trovo
                      de la senso!

ĉiuj aliaj vivoj
fulmsubite iluminiĝas
                       kiam la poem' vivanta
                       la tekstofenestron saltas
                       kaj ravas tiun, kiu ĝin gvatas

saltis la muron la poem':

lumo en malhel' ja estas poezi'!

                                Paulo Nascentes

CENTELHA



vive o poema
de memórias de outras vidas:
                   só na vida do outro
                   (instante fugaz sem memória)
                   a centelha do encontro
                   do sentido!
todas as outras vidas
as vidas de todos os outros
num insight se iluminam
                   quando o poema vivo
                   pula a janela do texto
                   e alumbra quem o espia
pulou o muro o poema:
luz no escuro é poesia!
                                Paulo Nascentes

terça-feira, abril 16, 2013

UNIDADE/UNUECO


arte
corpomentespírito
poesia
música
unidade                     
serenidadepaz
arto
korpomens'espirito            
poezi'

domingo, abril 14, 2013

SONETO PRIPENSAS KAJ SILENTAS




Kiom sonetoj havas la tempest’?
Ĉu riĉajn rimojn donis vento al pluv’?
havas pli da perplekso kiu vort’:
ploro de vidivino aŭ rido de mort’?

Monalizo: ĉu senaĝa ridet’?                    
Ĉu maljunec’ atendas vin ĉel’ kurb’?          
Ĉu ja eternas ni ĉel’ akuŝej’?
Kontraŭdirekte, kontraŭ gant’ la temp’?

Kiun estonton povas havi estont’
kiam ĝi foje eĉ ne maljuniĝas
kaj sen scio pri estinto mortas?

Poeto finas, daŭras poezi’
Melodion gutas ankoraŭ ĝi?
- Kion silente dirus mia vers’?
                                                Paulo Nascentes

sexta-feira, abril 12, 2013

SONETO MEDITA E SILENCIA

Quantos sonetos tem a tempestade?
Que rimas ricas deu o vento à chuva?
Que palavra tem mais perplexidade:
riso de morto ou pranto de viúva?








Monalisa: sorriso sem idade?                      
A velhice já te espera ali na curva?            
Somos eternos na maternidade?
O tempo é contramão ou contra luva?

Que futuro o futuro pode ter
se às vezes nem consegue envelhecer
 e morre sem saber o seu passado?

Passa o poeta, fica a poesia
pingando um pouco ainda a melodia?
- O que dirá meu verso... assim calado?
                                                Paulo Nascentes

quarta-feira, abril 03, 2013

TIQUE NERVOSO - NERVEMO




sotaque sotique sotaque:
 
a grade da dualidade

 
na terceira dimensão


- agrade ou não


**************

nurtak' nurtik' nurtak':

la dueca krad'

triadimensie

- plaĉu aŭ ne

                     Paulo Nascentes

sexta-feira, março 29, 2013

RESGATE DA DELICADEZA


                                                  Paulo Nascentes

Dentro do meu coração o alarme toca,
meu instinto de bombeiro acende, alerta,
os sentidos treinados. O que me provoca
este grito, morto na garganta? Na certa,
o desmoronar de algo no meu peito.

Presente divino à minha irmã chegado,
minha amada sobrinha tinha luz no riso!
Mãe e filha, amigas, cultivavam o respeito,
o carinho, o amor, o diálogo sensato,
mas o que agora sinto... me põe de sobreaviso.

Incêndio de paixões, inundação, desastre,
deslizamento de emoções, desabamento,
o que me impele à ação? Antes que o fogo alastre,
antes que a casa caia e venha o ferimento,
é preciso devolver felicidade a elas,
deixar o sol entrar, escancarar janelas,
permitir desabrochar novo contentamento.

Tento dormir, mas o grito de socorro
atravessa os estados, chega até Brasília.
Dentro de mim a lama desce o morro
como se soterrasse o brilho de uma filha
que deixasse escapar a boia que lhe atiro.

Mesmo um bombeiro calejado
respeita o livre arbítrio e só atua
se o chamado vier - mas se não vem,
sono adiado, alerta, a prontidão continua.
Mesmo sem dormir, sonha sonho delicado:
tem nos braços, a salvo de si mesma, 
a menina que um dia viu neném.

O cansaço, o sono e uma luz: vê no rescaldo, acesa,
a centelha divina, fogo já domado, de volta à alma
e num milagre, eis o resgate da delicadeza! 

terça-feira, março 26, 2013

ENTREVISTA À TV SUPREN


Spekteblas intervjuo al la televidprogramo 'Papo Supren' per la suba ligilo. Komentoj bonvenas.


Assista ao 'Papo Supren', programa da TV Supren.

TRANSNACIA EDUKADO DE PLANEDA CIVITANO

          La menso, kiu malfermiĝas al nova ideo, neniam plu revenas al la origina dimensio. (Albert Einstein)

Kiel fariĝi fakte monda civitano – nepra postulo de nia tempo – nehavante efektivan komunikan ilon, facile lernebla kaj principe neŭtrala, tio estas, ne jungita al interesoj de certaj nacioj aŭ ideologioj?

La lingvaj baroj, la enda emfaza punkto, kontinue spitas la teknologion de tradukmaŝinoj, samkiel trudas fremdajn lingvojn al instrusistemoj mondskale. Kiel bone klarigas la Manifesto de Prago http://eo.wikipedia.org/wiki/Manifesto_de_Prago:

"Ĉiu etna lingvo estas ligita al difinita kulturo kaj naci(ar)o. Ekzemple, la lernejano, kiu studas la anglan, lernas pri la kulturo, geografio kaj politiko de la anglalingvaj landoj, precipe Usono kaj Britio. La lernejano, kiu studas Esperanton, lernas pri la mondo sen limoj, en kiu ĉiu lando prezentiĝas kiel hejmo." Tio ĉar "la edukado per iu ajn etna lingvo estas ligita al difinita perspektivo pri la mondo.” 

Transnacia edukado, kontraŭe, proponas al ni tujan kontakton kun la varia kolora bunto de pluraj kulturoj, ampleksigas nian akcepton de la malsimilo, valorigante la riĉecon eĉ de tribaj vivkulturoj, kun siaj tradiciaj kaj utilaj saĝoj, kaj nin provizas kun medioj kaj manieroj, kiuj finfine igas nin esti planedaj civitanoj.

Kundividi nian neŭtralan lingvon kun tiuj, kiuj ĝin uzas portas la avantaĝon povi partopreni entute de la agoj kaj decidoj de internaciaj organoj el tria sektoro, kiel NROj kaj institucioj kiuj promocias la packulturon kaj mediprotektadon. Aldone, kiam ni fariĝas  gastoj de lokaj loĝantoj, ni neniam estas nuraj turistoj portataj al indikitaj lokoj de vojaĝaj agentoj, apenaŭ vidante pejzaĝojn de busoj kaj busetoj. Kontraŭe, kun amikinoj kaj amikoj, pretaj por nin ricevi kaj elmontri siajn tagvivojn, tio estas ordinara fakto inter esperantistoj tra la mondo kaj la eksterlanda vojaĝo ege gajiĝas kaj fruktodonas. Kiu parolas Esperanton konstatas tion ĉiutage en la tuta mondo!

Kvankam, en Edukado, la atingo de certaj normigoj nur povas esti taksata post jardekoj, el la individua vidpunkto, tamen, la transkultura edukado portas tujajn avantaĝojn, ĵus post la Esperanta komunika lernado. Ĉar ĝi estas lingvo pli facile lernebla kompare al la plimulto de la naciaj lingvoj – ĉiam havante neelteneblajn esceptojn. En Esperanto, la distanco inter la lernado kaj la efektiva uzo de la lingvo estas ja mallarĝa. Oni eksplikas tion facile. Struktura logiko, fonetika kaj gramatika simpleco, malesto de timindaj esceptoj kaj internacia vortoprovizo – kiu multobliĝas rapide por formi centojn da novaj vortoj formitaj pro la helpo de trideko da prefiksoj kaj sufiksoj – tiuj estas karakteroj, kiuj forte akcelas la akiron de la lingvo.

En Esperanto, vi kreskigas vian vortaron laŭ facila maniero kaj amuze. Ĝi estas luda. Ĝi estas kiel kombini kolorblokojn en la konata  Legoludilo.

Kaj pli: en debataj renkontiĝoj kun homoj el la tuta mondpartoj, la uzo de Esperanto donas plenan egalecon al la interparolantoj. Ĉiuj eliras el la sama punkto, povante paroli pri kio ajn, sen la ĝeno esti konfrontataj de siaj lingvaj kapabloj kontraŭ la denaskuloj de la reganta lingvo. La diskutado de gravaj mondaj problemoj en Esperanto preterlasas, tiel, legion da tradukistoj kaj kapaŭskutiloj, kiel nepraĵoj de la hodiaŭaj internaciaj konferencoj.

Aŭ ni forlasu tuj, tiel, la baroj kaŭzitaj de la multobligo de lingvoj – kaj ĉiuj lingvoj, eĉ la minoritataj, meritas esti antaŭgardataj! - aŭ ni amare ad eternam sentos niajn malsukcesojn dum la tiel nomataj multiflankaj kunvenoj, kie nur la reprezentantoj de regaj nacioj sentas sin hejme, ĉar "mia lando estas mia lingvo", kiel oni scias... Alipunkte, tiuj, kiuj parolas Esperanton sukcesas mirakle diri kaj pri sia denaska lingvo kaj pri Esperanto: "mi sentas tiujn du, kiel mia lingvo". Unu, ĉar ĝi estas el mia patrujo, kaj la alia, ĉar ĝi estas disa tra la tuta planedo. Cetere, en tempoj de interreto, tiu situacio povas esti rapida kaj facile ampleksata, se tiel ni volas.

                                                                  (Esperantigo de prof. Adonis Saliba)

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

JE LA TRIA TAGO



antaŭ ol la tria tago
ekrompu el mallumo  
tre tre frumatene
la grundon mi sarkas
- kiel ŝpaton la ungo – 
trudherbon mi falĉas
dusensaĵojn mi elfalĉas
el la ŝvela, seka haŭto.

frenezega fuŝparolo
real’ kaj fikci’ je miksaĵ’
farunoj el sama sako
venintaj el sama gren’.

elkavita jam la teren’
kaŝitaĵo do montriĝas
antaŭ klariĝi maten’
misteroj de frumaten’
netombigita kadavro eliĝas
suroste restante venen’.

nur je la tria tago
el mortintoj reviviĝinta
vivo tiam tagiĝinta:
poemo ĵusnaskiĝinta
hejme la malŝparema filo
memorfeste la poezion
dormas mi pace ĉe Uno
vekiĝanta jen la koro
tion ene anoncas Suno.

TERCEIRO DIA

antes d'o terceiro dia
irromper da escuridão
ainda madrugadinha
o terreno capino
a unha por enxada
ceifo a erva daninha
roçando ambiguidades
da pele seca, inchada.

fala destrambelhada

mistura realidade e ficção
farinhas do mesmo saco
produtos do mesmo grão.

escavado o terreno

exponho o que vinha oculto
antes de clarear
mistérios da madrugada
aflora o cadáver insepulto
no osso restante o veneno.

somente ao terceiro dia

ressurjo dos mortos
a vida então se faz dia:
poema recém-nascido
filho pródigo em casa
comemoro a poesia
durmo em paz na Unidade
o coração despertado
o sol cá dentro anuncia.

terça-feira, fevereiro 12, 2013

DORMI: ĉu staĝo por morti?


Dormi estas unu el tiuj misteroj, kiujn mi iom post iome senvualigas. Senhaste. Iom ĉiunokte. Foje, eĉ tage, mi min perceptas sperte tiun misteron. Tiam, el mia vidpunkto, nur mi dormas, kiam mi ne konscias pri dormado. Nek vivo. Nek morto. Mistero!

Ĉimomente mi scias, ke mi ne dormas, ĉar mi verkas ĉi tekston. Laŭ mia scio, mi ne kapablas verki dum mi dormas. Kaj mi sukcesis dormi neniom ĝis nun, ĉar mi surlitadis, preskaŭ dormanta, sed min pridemandanta, kio estas dormo. Kaj kiu rilato estas, se iu estas, inter dormado kaj mortado. Ĉu pripensadi pri kiel okazas dormado povus min klarigi pri mortado? Ne pri la ĉiesa mortado, sed pri la mia, iam spertota. Ho ve! Jen paradoksoj!

Kiel mi scias, ke mi ne (ankoraŭ) dormas? Mia konscio min diras, ke mi ne dormas tiam, kiam mi perceptas iun mion (mia korpo, pli simple mi diru) kaj iun ne-mion (matracon, ekzemple, kiun mi scias kuŝi sub mi, sub mia korpo, se tiel oni preferas). Sed, iumomente, kiun mi ne kapablas kontroli puft! ne plu mia korpo, nek matraco, nek mia aparta viv-historio, nek pensoj, emocioj, sentoj, nenio! Malaperis ĉio, kiun mi kredis estadi... Dum mi dormas, nenio el tio eĉ ekzistis, verŝajne. Eble sonĝo. Sed tion mi nur scios, se kaj kiam mi vekiĝos. Klarmensaj sonĝoj, ilin mi nur konas laŭ libropriskriboj. Tamen, eĉ la plej bongusta recepto de pudingo ne min montras la gusteton de pudingo-mordado. Eĉ sonĝaj pudingoj.

Pri la temo de sonĝoj mi eĉ ne tuŝu -- mistero por alia babilo. Kiam mi ne plu estos porĉiame konscia, de tiu mia humana starpunkto  de iu aŭ io aparta de ĉio ajn, de matraco kaj de mi mem, eble oni diros, ke mi mortis. Kompreneble objektivaj testoj de tielnomataj ‘aliuloj’ (suposeble vivantaj) atestos, ke mi mortas. Ĉu mi scios aŭ ne, kiam mi mortos, ke tiam mi estos morta, tion ne mi scias. Mi eĉ ne volas scii. Kiucele?  Efektive, tio estos tiom utila, kiom provi scii la guston de pudingo laŭ legado de receptolibro... Kompreneble, dume, ankoraŭ mi rajtas legi pri la morto kaj pri la postmorto en Biblio, Korano, Tibetana Libro de la Mortintoj. Tiom interesaj kiom receptolibroj... ili estas.

Ekde kiam mi naskiĝis, mi ade spertas la ritualon dormi. Preskaŭ ĉiam nokte. Estas tamen esceptoj. Do, mi ĉiutage praktikadas por sperti, kia estas morti. Tamen, malgraŭ ĉio tiu trejnado, ankoraŭ ne ververe mi eniris la maĉon. Ne laŭ mia scio, ĉar mi ĉimomente verkas! Tial, eble, nek mi dormas, nek mi mortas. Kial mi diras eble? Nu, kiu tion scias? Trejno estas trejno, sed maĉo estas maĉo! Nun mi revenas liten. Jam temp’ estas por trejni. Pardonon!

DORMIR: estágio de morrer?


Dormir é um desses mistérios que vou desvendando aos poucos. Pouco a pouco. Um pouco a cada noite. Às vezes, mesmo de dia, me descubro vivenciando esse mistério. E, do meu ponto de vista, só durmo quando não estou consciente de estar dormindo. Nem acordado. Ou vivo. Ou morto. Que mistério!

Sei que (ainda) não estou dormindo por estar escrevendo este texto. Que eu saiba, não sei escrever quando estou dormindo. E não consegui dormir até agora, porque estive na cama, pronto para dormir, mas a me perguntar o que exatamente é dormir. E que relação tem, se é que tem, com morrer. Refletir sobre como se dá o dormir poderia me dar pistas sobre o morrer? Não o morrer genérico, mas o meu, que um dia vou vivenciar. (Pronto! Começaram os paradoxos...). 

Como sei que (ainda) não estou dormindo? Minha consciência me diz que não estou dormindo quando percebo um eu (meu corpo, digamos, para simplificar) e um não-eu (o colchão, por exemplo, que sei estar embaixo de mim, ou do meu corpo, se prefere). Mas, num dado momento que não sei controlar puft! nem mais meu corpo, nem colchão, nem minha particular biografia, nem pensamentos, emoções, sentimentos, nada! Sumiu tudo o que eu pensava estar sendo... Enquanto durmo, nada disso sequer existiu, ao que parece. Talvez um sonho. Mas, só vou saber se e quando acordar. Sonhos lúcidos só conheço de descrições em livros.  Mas, a mais saborosa receita de pudim num livro não me revela o gostinho de uma mordida no pudim. Mesmo os pudins sonhados.

No tema dos sonhos nem vou entrar – mistério pra outra prosa. Quando não mais estiver consciente de vez, desse meu ponto de vista humano de alguém ou algo supostamente separado de tudo o mais, do colchão e de mim mesmo, possivelmente dirão que morri. Claro que exames objetivos dos que chamo de ‘os outros’ (supostamente vivos) confirmarão que estou morto. Se vou ficar sabendo ou não, quando estiver morto, que então estaria (estarei?) morto, não o sei. Nem quero saber. Pra quê? De prático, vai ser tão útil como tentar saber o sabor de um pudim pela leitura de um livro de receitas... Claro que, por enquanto, ainda posso ler sobre a morte e o pós-morte na Bíblia, no Corão, no Livro Tibetano dos Mortos. São tão interessantes quanto... livros de receitas.

Desde que nasci, venho praticando o ritual de dormir. Quase sempre à noite. Mas há exceções. Assim, venho ensaiando diuturnamente como é morrer. Mas, com todo esse treino, ainda não entrei no jogo pra valer. Não que eu saiba, pois estou escrevendo agora! Por isso, provavelmente, neste instante nem durmo nem estou morto. Por que digo provavelmente? Ora, quem vai saber? Treino é treino, e jogo é jogo! Agora volto pra cama. É hora de treinar. Com licença!


sexta-feira, janeiro 11, 2013

O DENSO E O INCENSO

Paulo Nascentes
quando contactado,
o Princípio que in-forma
a forma que provisório habito
desvela - fragmento - o infinito
que Eu Sou,
revela o denso e o incenso
a pequenez do imenso
                       a imensidão do micro.

quando religado,
o canto que expresso
é sinfonia do universo
espelho que atravesso
mesmo surfando a superfície
profundidade do simples no complexo
simplicidade do nexo
                        e do sentido.

quando integrado,
o Ser em mim se sabe sendo
meu saber se alumbra e cala
cada nota ressoa e resvala
na ressonância de outra nota e nota
que essa outra, nascida do indiferenciado,
conhece o Campo Zero, mas se sabe Um
e entoa o cântico dos cânticos
onde repousa a suspeita do nada
o eco reverbera: há Um! há Um!

quando enamorado,
amante deslumbrado
ante o mistério radical do ser amado
o Ser se refaz perplexo: o seccionado, o sexo
o prenúncio da Unidade:
o Dois se faz Um
e se revela: há Um! há Um!
a diversidade do múltiplo
o disfarce do Um!
Unidade, o nome secreto
para sempre escondido
da simplicidade do nexo
                             e do sentido.