Depois de comer e descomer boca seca anos
a fio
vim a compreender (e descompreender):
a vida é tumulto vário o complexo é por
demais
aranha engolindo pinto barata peru
mamando
formiga zoa elefante guerra massacre paz.
Mais tumulto quem não faz a louca voa em
vassoura
mas ele o louco varrido numa casa é o
amante
na sua faz o marido segue a peça
alucinante
ionesco recita brecht maltrapilho e
elegante.
Na caminhada sem lápis o poema se
completa
veio escrito na testa veio inscrito na
veia
escorregou pelo portal escorreu pelas
estrelas
no tumulto sideral comeu luz bebeu
fagulha
acendeu risco e faísca compreendeu o que
vai ser
ficou sem compreender poema tão escondido
encolhido em seu talvez
mais comeu e descomeu
a natureza sem drama pode encerrar com
talvez
poema mesmo escondido namora o
alumbramento!
Manĝinte kaj
malmanĝinte seka buŝo jare tro
venis mi al la
kompren’ (poste al la malkompren'):
vivo jen tumulto
plura komplekso troiga ja
kokidon glut’ arane’
mamsuĉ’ maleagro blat’
formiko elefanton
mokas – milit’ masakro pac’.
Plian tumulton ĉu ne
fari frenezin’ balailfluganta
balaita frenezul’ en
iu dom’ la amanto
en sia edze rolas rolas
daŭre halucina
ionesco recitas
brecht ĉifonul’ kaj eleganta.
Dum marŝad’
senkrajone plenumiĝas la poem’
frunte venis verkita
vejne venis aliĝinta
glate glitis
portalon tra steloj elfluigis
en tumulto sidera
manĝis lumon sparkon trinkis
eklumis riskon
sparkon komprenante pri estont'
restis tamen sen
kompreno ĉi poem’ tiom kaŝita
meze al ebl' humiliĝita
manĝis malmanĝis plu
naturo tute sen
dramo jen per eblo povas fini
poem’ ravitecon
flirte eĉ kaŝita ilumin'!