PaPos Nascentes - poéticos, psicoterapia, mentoria

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domingo, março 22, 2020

RECOMEÇO / REKOMENCO

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COÇUPÉ

      [Terras do Hemisfério Sul, equinócio de Março de 2020]

De tanto coçar o saco a imaginação criativa deu as caras. Esse o diálogo interno.
      - Coçupé onde é? O que é Coçupé?
- Coçupé é onde estava seu foco, seu coração. Coçupé é tudo o que você foi até aqui, por contrato, por escolha arcana, arquetípica, arcaica. Coçupé não mais. Flui finíssima e branca a areia no tempo da ampulheta.
- Ouço o que me dizes, mas tão te compreendo, ser da noite! Transcrevo o que me falas, mas não te vejo, ser da noite! Sinto que meu tempo finda, ser da noite! Acabou! Meu tempo acabou!
- Vira a ampulheta de imediato! Veja como tudo flui. Tudo flui e o que chamas de “teu” tempo não existe. “Sua” vida não existe. Só a vida existe. Coçupé! Coçupé! Só na aparência o tempo esvai. Coçupé!
- Ganho esperança com esse novo contrato. Mas, ainda vejo o tempo, a pouca areia a se esvair fina e lenta para baixo na ampulheta.
- Agora sou eu que não te entendo, ó ser de Coçupé!
- Se algo você não entende, por que então não pergunta?
- Por que a areia finita insiste em fluir, se esvair e se esgotar? Vejo a areia se acabar, o tempo a se escoar.
- Vira de novo a ampulheta, que ela não é mais que metáfora. A finitude da areia existe mesmo?
- Quem de nós faz perguntas nesse jogo?
- Nasceste pra perguntar! A vida flui com você? A vida flui sem você? Ajusta a tua antena! É pra isso a quarentena. Se pensas que ela é forçada, é só por não se lembrar...
- Do que devo me lembrar?
- De que só verás a lambança quando a lembrança voltar. Agora a areia acabou, agora o tempo acabou e você nem se lembrou de reclamar do suposto fim do tempo. Se ainda precisa de tempo, volta a ampulheta virar!
- Mas, Mestre, se eu mesmo escolho a ampulheta virar, sou eu quem faço do tempo essa prisão esquisita...
- Você está quase lá! Vire a ampulheta e se ponha a observar. Mais do que aquilo que vê, veja aquilo que sente, sinta aquilo que vê e me responda: enfim, o que é Coçupé?
Sentindo através de uma lágrima, vendo-se na gota d’água, viu com nítida clareza o porquê da ignorância. Por que tanta solidão?
- Entre mais na solidão. Quem em você está só? Quem se sente multidão?
Viu que a areia-tempo se acabava... se acabou!
- Quer virar a ampulheta e o ciclo recomeçar? Enfim, o que é Coçupé?
- Muito sono enfim me vence. Vejo que o adormecer não existe pra si mesmo. Só existe o Si mesmo. Só existe o despertar.
- Já sabe onde é Coçupé? Já sabe o que é Coçupé?
- Como a ampulheta é símbolo – metáfora do despertar...
- Agora podes dormir. E sonhar coletivo. Coletivo é o despertar!

****************

PIEDOJUKO

      [Landoj de Suda Hemisfero, ekvinocio de Marto 2020]

      Post tioma nenifarado, la kreiva imagado ekaperis. Jen la interna dialogo.
- Kosupe’ kie estas? Kio estas Kosupe’?
- Kosupe’ estas kie estis via fokuso, via koro. Kosupe’ estas ĉio, kio vi estis ĝis nun pro kontrakto, pro arkana, arketipa, arkaika ekekto. Kosupe’ ne plu. Fluas ege minca kaj blanka la sablo dum sablohorloĝa tempo.
- Aŭdas mi kion vi min diras, sed ne komprenas vin, nokta estulo! Transkribas mi kion vi min diras, sed vin mi ne vidas, nokta estulo! Sentas mi, ke mia tempo finiĝas, nokta estulo! Finite! Mia tempo finiĝis!
- Turnu tuj la sablohorloĝon! Vidu kiel ĉio fluas. Ĉio fluas kaj tio, kiun vi nomas “via” tempo ne ekzistas. “Via” vivo ne ekzistas. Nur vivo ekzistas. Kosupe’! Kosupe’! Nur ŝajne tempo skuas. Kosupe’!
- Gajnas mi esperon pro tiu nova kontrakto. Sed, ankoraŭ mi vidas tempon, malmultan skuantan sablon mincan kaj lantan malsupren en la sablohorloĝon.
- Nun estas mi, kiu ne komprenas vin, ho estulo de Kosupe’!
- Se ion vi ne komprenas, kial do vi ne demandu?
- Kial la minca sablo insistas flui, skui kaj elĉerpiĝi? Vidas mi la sablon finiĝi, tempon elĉerpiĝi.
- Turnu refoje la sablohorloĝon, ĉar ĝi ne estas plu ol metaforo. Ĉu la sablofino ja ekzistas?
- Kiu el ni rajtas demandi dum tiu ludo?
- Vi naskiĝis por demandi! Ĉu vivo fluas kun vi? Ĉu vivo fluas sen vi? Agordu vian antenon! Jen pro tio la kvarenteno! Se vi pensas, ke ĝi estu devigata, tio estas nur pro via malmemoro...
- Pri kio mi devas memori?
- Pri tio, ke vi nur vidos la fuŝon kiam revenos la memoro. Nun la sablo finiĝis, nun tempo finiĝis, sed vi eĉ ne memoris plendi pro la supozebla tempofino. Se ankoraŭ vi bezonas tempon, refoje turnu la sablohorloĝon!
- Sed, Majstro, se mi mem elektos la sablohorloĝon turni, do estas mi, kiu igas el tempo tiun strangan prizonon...
- Vi preskaŭ la celon atingis! Turnu la sablohorloĝon kaj observu. Pli ol tio, kion vi vidas, vidu tion, kion vi sentas, sentu tion, kion vi vidu kaj respondu min: do, kio estas Kosupe’?
Perceptante sin tra larmo, vidante sin en akvoguto, li vidis klare la kialon de la ignoro. Kial tioma soleco?
- Eniru plu en tiun solecon. Kiu en vi sentas sin sola? Kiu sin sentas homamaso?
Vidis li, ke la tempo-sablo elĉerpiĝis... finiĝite!
- Ĉu vi volas turni la sablohorloĝon kaj novan ciklon inaŭguri? Do, kio estas Kosupe’?
- Multa dormo fine min venkas. Vidas mi, ke la endormigo ne ekzistas por si mem. Nur ekzistas Si mem. Nur ekzistas la vekiĝo.
- Ĉu vi jam scias, kie estas Kosupe’? Ĉu jam vi scias, kio estas Kosupe’?
- Ĉar la sablohorloĝo estas simbolo – metaforo por vekiĝo...
- Nun vi povas dormi. Kaj kolektive sonĝi, revi. Kolektiva estas la vekiĝo!

domingo, março 15, 2020

DESAPARECIDO/ MALAPERINTA

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  1. UM) DESAPARECIDO
    versos sem pé nem cabeça
    versos de pé quebrado
    até que essa dor me esqueça
    sigo cortando um dobrado

    sigo cortando um dobrado
    até que o dia amanheça
    sigo inquieto e acordado
    cavo a pele: “eu apareça!”

    meu sono entrou num buraco
    minha vida foi atrás
    reagir como? Sou fraco!

    coço e cavo e coço mais
    a pele, e eu só farrapo:
    aonde foi minha paz?                                            ********************                                   
    UNU) MALAPERINTA
    senkapaj senpiedaj versoj
    ho versoj frakaspiedaj
    ĝis ĉi dolor’ min forgesu
    daŭros ja malfacilaĵoj

    daŭros ja malfacilaĵoj
    ĝis fine venu tagiĝ’
    malkviete sendorme
    haŭtfosanta: “kie mi?”

    entruiĝis mia dormo
    mia vivo sekvis ĝin
    malfirma reagi kiel!

    plu fosu plu jukas mi
    plu ĉifona jenas mi:
    kaj mia paco kie kien?

    ************
    DOIS) TRINCHEIRA
    que sentido essa coceira?
    e essa dor – que sentido?
    nos pés do pai, a frieira
    nos da mãe, couro curtido

    pés da mãe – couro curtido
    nos meus pés essa sujeira
    o menino ressentido
    do estrume quer a roseira

    cavo versos sem sentido
    sendo flor que não se cheira
    este poema indormido

    na guerra cava trincheira:
    tem um menino ferido
    num canto dessa lixeira!                                     *************************** 

    DU) TRANĈEO
    kiun sencon por ĉi juko?
    por ĉi dolor’ kiun sencon?
    paĉjaj piedoj tro jukaj
    de panjo, tanita ledo

    de panjo, tanita ledo
    sur la miaj ĉi rubuj’
    al l’ ĉagreniĝinta knab’
    la sterk’ iĝu rozuj’  

    sensencajn versojn mi fosu
    estas neflarinda flor’
    ĉi tiu poemo sendorma

    milite tranĉeon fosu:
    restas knabo vundita
    ĉi rubujen forlasita!                                                          **************

    TRÊS) HERANÇA
    que herança deixo aos filhos?
    e aos netos, que herança?
    antes que saia dos trilhos
    o trem dessa dor me alcança

    quero cor não quero brilho
    quero de volta a criança
    que se escondeu no exílio
    que perdeu a confiança

    cresci: do que me defendo?
    por que a vida me assusta?
    por que o esforço tremendo?

    só eu sei o quanto custa
    no lombo o couro comendo:
    essa surra não foi justa!

    *********************

TRI) HEREDO
     al filoj kiun heredon?
     al genepoj kiun kiun?
     antaŭ elreliĝi la trajn’
     ĉi trajna dolor’ punas min

     kolor’ deziratas ne bril’
     kaŝita infan’ en ekzil’
     (fido iam perdiĝinta)
     revene tuj volas mi ĝin

     kreskinte, kial defendas mi?
     kial vivo min timigas?
     tioma koplodo kial?

     nur mi scias kiom kostas
     tiu senfeligo surlumbe:
     ĉi tiu batado ĉu justas?!

terça-feira, fevereiro 25, 2020

DESMEMORIADO / SENMEMORIGITA



despido de mim mesmo
desmemoriado
há quantos eon vagueio
de estrela em estrela
de intervalo em intervalo?

intergaláctico sem gala  
pompa preparo me intuo requisitado
como par e parte:
andromedano pleiadiano
vega me reclama sírius me convoca

desmemoriado e sem rumo
a estrela polar não me dá norte
sigo a rolar na noite imaginária
da minha cegueira voluntária:
que povo bizarro me resgatará
em êxtase discreto?
e me concederá vibrante
o legítimo habeas corpus
de luzes brilhos cores
no meu renovar contagiante?

***************
senvestigita de mi mem 
senmemorigita
dum kiom eonoj mi vagas
de stelo al stelo
de intertempo al intertempo?

intergalaktika sen festvesto

pompo preparo mi intuas min alvokita
kvazaŭ par’ kaj parto:
andromedano plejadano
vegao min postulas sirius’ min kunvokas

senmemorigita kaj sendirekta 

polusa stelo norton min ne donas 
daŭre mi ruliĝas tra iluzia nokto
de mia volonta blindo:
kiu bizara popol’ min elaĉetos
dum ekstazo diskreta?
kaj min koncedos vibre
la legitiman habeas corpus
de lumoj briloj kaj koloroj
ĉe mia kontaĝa renovigo?

sexta-feira, janeiro 24, 2020

CIRANDA/ RONDODANCO

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ciranda cirandinha
vamos todos cirandar
vamos ver e a areia volta
volta a areia sem cessar

a ampulheta que me deste
era vidro e me encantou
o amor que eu já lhe tinha
era louco e aumentou

por isso amiga Marli
entre dentro dessa roda
diga um verso bem bonito
diga: meu, não vou embora!

o corpo me apresenta
só me representa aqui
minha alma representa
e o Espírito é em mim

por isso que meu corpo
alma Espírito sou um
diga um verso bem bonito
sou eterno somos Um!

***********
rondodanc’, rondodancet’
rondodancu ĉiuj ni
vidu ni: sablo revenas
vidu ja revenos ĝi 

sabl’horloĝo donacita
estis vitra ravis min
mia am’ al vi delonge
kreskis kaj frenezis min

pro tio kara Marli
venu tuj al nia rond’
diru verson tre amuza
diru mi ne iros for!

ĉi korpo min prezentas
min ne reprezentas ĝi
mia anim’ ja reprezentas
la Spirito estu mi

pro tio mia korpo
mia anim’ kaj Spirit’
diru verson kun gracio 
mi sentempas tie ĉi! 



terça-feira, janeiro 07, 2020

SEM MÉTRICA SÓ RITMO/ SEN METRIKO NURA RITMO

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angulosos jovens retilíneos
com pouca retidão
são velhos curvilíneos
e gulosos
liberdade e profusão
conservo linhas retas
mas invento giros
rodopio sinuosidades
mais esquivas que embates
menos enfrentamentos
mais sorrisos
algumas gargalhadas
ante tanta obtusidade
não me oponho agudo
reinvento nuance e nonsense
nos compassos largos

 ******************

angulaj junuloj rektliniaj
kun malmulta rekteco
iĝos maljunuloj kurbliniaj
manĝegemaj
libereco troabundo
rektajn liniojn mi konservas
sed inventas mi turniĝojn
ondlinie rondturniĝas
pliaj sindeturnoj ol rebatoj
malpliaj bataladoj
pliaj ridoj
kelkaj ridegoj akraj
antaŭ tioma obtuzo
neniel akra kontraŭstaro
reinvento de nuanco
sensencaĵo
dum tre larĝaj taktoj

INSTANTÂNEO RIO ZONA SUL/ FULMPORTRETO RIO SUDA AREO


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a magreza do excluído
na bicicleta da entrega
sob chuva fria fina
leva ao cidadão de bem
classe média
a mediocridade da pizza refri

meu coração chovia
lágrimas natalinas
pelo inseguro trampo
sem garantia

só a vida como pode se equilibra :
se sacode e se recria!

*********************
la magro de l’ ekskludul’
sur la liveriga biciklo
sub frida magra pluv’
portas al boncivitan’
el la meza klaso
mezkvalitan picon
kaj refreŝigaĵon

pluvis miakore
larmoj kristnaskaj
pro tiom malsekura
sengarantia labor’

nur vivo iel ekvilibriĝas:
ree svingiĝas kaj rekreas sin!