PaPos Nascentes - poéticos, psicoterapia, mentoria

Powered By Blogger

segunda-feira, janeiro 31, 2011

DORMI: ĉu staĝo por morti?

Dormi estas unu el tiuj misteroj, kiujn mi iom post iome senvualigas. Senhaste. Iom ĉiunokte. Foje, eĉ tage, mi min perceptas sperte tiun misteron. Tiam, el mia vidpunkto, nur mi dormas, kiam mi ne konscias pri dormado. Nek vivo. Nek morto. Mistero!

Ĉimomente mi scias, ke mi ne dormas, ĉar mi verkas ĉi tekston. Laŭ mia scio, mi ne kapablas verki dum mi dormas. Kaj mi sukcesis dormi neniom ĝis nun, ĉar mi surlitadis, preskaŭ dormanta, sed min pridemandanta, kio estas dormo. Kaj kiu rilato estas, se iu estas, inter dormado kaj mortado. Ĉu pripensadi pri kiel okazas dormado povus min klarigi pri mortado? Ne pri la ĉiesa mortado, sed pri la mia, iam spertota. Ho ve! Jen paradoksoj!

Kiamaniere mi scias, ke mi ne (ankoraŭ) dormas? Mia konscio min diras, ke mi ne dormas tiam, kiam mi perceptas iun mion (mia korpo, pli simple mi diru) kaj iun ne-mion (matracon, ekzemple, kiun mi scias kuŝi sub mi, sub mia korpo, se tiel oni preferas). Sed, iumomente, kiun mi ne kapablas kontroli, puft!, ne plu mia korpo, nek matraco, nek mia aparta viv-historio, nek pensoj, emocioj, sentoj, nenio! Malaperis ĉio, kiun mi kredis estadi... Dum mi dormas, nenio el tio eĉ ekzistis, verŝajne. Eble sonĝo. Sed tion mi nur scios, se kaj kiam mi vekiĝos. Klarmensaj sonĝoj, ilin mi nur konas laŭ libropriskriboj. Tamen, eĉ la plej bongusta recepto de pudingo ne min montras la gusteton de pudingo-mordado. Eĉ sonĝaj pudingoj.

Pri la temo de sonĝoj mi eĉ ne tuŝu – mistero por alia babilo. Kiam mi ne plu estos porĉiame konscia, de tiu mia humana starpunkto de iu aŭ io aparta de ĉio ajn, de matraco kaj de mi mem, eble oni diros, ke mi mortis. Kompreneble objektivaj testoj de tielnomataj ‘aliuloj’ (suposeble vivantaj) atestos, ke mi mortas. Ĉu mi scios aŭ ne, kiam mi mortos, ke tiam mi estos morta, tion ne mi scias. Mi eĉ ne volas scii. Kiucele?  Efektive, tio estos tiom utila, kiom provi scii la guston de pudingo laŭ legado de receptolibro... Kompreneble, dume, ankoraŭ mi rajtas legi pri la morto kaj pri la postmorto en Biblio, Korano, Tibetana Libro de la Mortintoj. Tiom interesaj kiom receptolibroj... ili estas.

Ekde kiam mi naskiĝis, mi spertadadas la ritualon dormi. Preskaŭ ĉiam nokte. Estas tamen esceptoj. Do, mi ĉiutage praktikadas por sperti kia estas morti. Tamen, malgraŭ ĉio tiu trejnado, ankoraŭ ne ververe mi eniris la maĉon. Ne laŭ mia scio, ĉar mi ĉimomente verkas! Tial, eble, nek mi dormas, nek mi mortas. Kial mi diras eble? Nu, kiu tion scias? Trejno estas trejno, sed maĉo estas maĉo! Nun mi revenas liten. Jam temp’ estas por trejni. Pardonon!

DORMIR: estágio de morrer?

Dormir é um desses mistérios que vou desvendando aos poucos. Pouco a pouco. Um pouco a cada noite. Às vezes, mesmo de dia, me descubro vivenciando esse mistério. E, do meu ponto de vista, só durmo quando não estou consciente de estar dormindo. Nem acordado. Ou vivo. Ou morto. Que mistério!

Sei que (ainda) não estou dormindo por estar escrevendo este texto. Que eu saiba, não sei escrever quando estou dormindo. E não consegui dormir até agora, porque estive na cama, pronto para dormir, mas a me perguntar o que exatamente é dormir. E que relação tem, se é que tem, com morrer. Refletir sobre como se dá o dormir poderia me dar pistas sobre o morrer? Não o morrer genérico, mas o meu, que um dia vou vivenciar. (Epa! Começaram os paradoxos...).

Como sei que (ainda) não estou dormindo? Minha consciência me diz que não estou dormindo quando percebo um eu (meu corpo, digamos, para simplificar) e um não-eu (o colchão, por exemplo, que sei estar embaixo de mim, do meu corpo, se prefere). Mas, num dado momento, que não sei controlar, puft!, nem mais meu corpo, nem colchão, nem minha particular biografia, nem pensamentos, emoções, sentimentos, nada! Sumiu tudo o que eu pensava estar sendo... Enquanto durmo, nada disso sequer existiu, ao que parece. Talvez um sonho. Mas, só vou saber se e quando acordar. Sonhos lúcidos só conheço de descrições em livros.  Mas, a mais saborosa receita de pudim num livro não me revela o gostinho de uma mordida no pudim. Mesmo os pudins sonhados.

No tema dos sonhos nem vou entrar – mistério pra outra prosa. Quando não mais estiver consciente de vez, desse meu ponto de vista humano de alguém ou algo supostamente separado de tudo o mais, do colchão e de mim mesmo, possivelmente dirão que morri. Claro que exames objetivos dos que chamo de ‘os outros’ (supostamente vivos) confirmarão que estou morto. Se vou ficar sabendo ou não, quando estiver morto, que então estaria morto, não o sei. Nem vou querer saber. Pra quê? De prático, vai ser tão útil como tentar saber o sabor de um pudim pela leitura de um livro de receitas... Claro que, por enquanto, ainda posso ler sobre a morte e o pós-morte na Bíblia, no Corão, no Livro Tibetano dos Mortos. São tão interessantes quanto... livros de receitas.

Desde que nasci, venho praticando o ritual de dormir. Quase sempre à noite. Mas há exceções. Assim, venho ensaiando diuturnamente como é morrer. Mas, com todo esse treino, ainda não entrei no jogo pra valer. Não que eu saiba, pois estou escrevendo agora! Por isso, provavelmente, neste instante nem durmo nem estou morto. Por que digo provavelmente? Ora, quem vai saber? Treino é treino, e jogo é jogo! Agora volto pra cama. É hora de treinar. Com licença!

terça-feira, novembro 02, 2010

PRESENTE - NUNDONACO

 Tenho só presente. Presença eterna que em mim respira.
Ando ao andar. Faço ao fazer. E o caminho se faz.
E se desfaz-refaz.
  

Nur estantecon mi havas. Eterna ĉeesto ĉe mi spiranta.
Dumpaŝe mi paŝas. Dumfare mi faras. Dumvojo vojiĝas.
Kaj malvojiĝe reiĝas.
Paulo Nascentes

MANUAL DE SEMÂNTICA



Me demita ou me prenda:
quem foi o salafrário,
chamou imposto de renda
à rapina no salário?!
In: Paulo Nascentes. Sobrevida.

segunda-feira, setembro 13, 2010

IDIOMA INTERDITO

Paulo Nascentes
No espaço exíguo
o poema do amor à míngua,
no espaço contíguo
teu amor na minha língua.


     E minha língua no teu dorso
     degusta teu reverso
     e tua língua lambe meu esforço
     e saboreia lenta o sêmen do meu verso.


(Do livro Sobrevida)


IDIOMO INTERDIKTA

En la malgrando spaca,
mi ampoeme malsatas
apudloke surfaca
vi amolange lingvatas.

Mi langas vin dorse,
gustumas vin reverse,
leko via nerimorse
glutas mion semoverse.


(Esperantigita de Adonis Saliba)

quarta-feira, setembro 08, 2010

EU QUERO, AMIGA!

Paulo Nascentes
a lentidão dos astros
ao percorrer o céu da tua pele
eu quero
a volúpia incandescente das lentas lavas
ao deslizar as vertentes do teu dorso
eu quero
a lascívia lenta e lassa de sol-posto
ao escalar a colina dos teus cones
quero
a sinfonia calma − oco das grutas −
ao percutir o agogô macio dessa bunda
eu quero
mas sobretudo
a fúria de mil lobos
uivando em descontrole em teu regaço
eu quero
o calor borbulhado de altos-fornos
derretendo o aço dos gestos de equilíbrio
eu quero
o furor trepidante das borrascas incontidas
do teu ser inteiro
eu quero
e novamente
a lentidão dos astros
quero
a volúpia incandescente das lentas lavas
quero
a lascívia lenta e lassa de sol-posto
quero
a sinfonia calma a calma sintonia
do teu ser inteiro
quero
e quero
− e quero

ISTO FAZ UM BEM!

Paulo Nascentes

Meu poema foi recolhido
tá encolhido no xadrez.
Cheirava coca
cheirava cola
na praça da Sé.


Meu poema é dimenor
no chafariz tomou banho
num otário fez um ganho
meu poema deu no pé.


Agora está recolhido
no fundo da Funabem
na Funabem servem coca
cola não sei se tem
meu poema tá magrinho
ossinho como ele só!
Barrigão de verminose
sonha sonhos de overdose
poema te sei de cor,
poeminha dimenor!

quinta-feira, agosto 19, 2010

COMUNICAÇÃO, IDIOMA E CONSCIÊNCIA PLANETÁRIA

Paulo Nascentes*

“Minha pátria é minha língua. / E eu não tenho pátria, tenho mátria e quero frátria”. Caetano Veloso. Língua.

“Precisamos ter paciência com o ser humano. Ele não está pronto ainda. Tem muito a aprender. Em relação ao tempo cósmico, possui menos de um minuto de vida. Mas, com ele, a evolução deu um salto extraordinário: de inconsciente se fez consciente. E com a consciência pode decidir que destino quer para si.”
Leonardo Boff.

            Algumas ligações entre comunicação, idioma e consciência planetária parecem muito óbvias. Mesmo assim, merecem olhar mais atento. A maneira como expressiva parcela se conduz em relação ao tema revela falta de informação, de bom senso, preconceito e até boa dose de fatalismo conformista. E isto independe de preparo intelectual, sobretudo quando este se dá dentro de caixas de pensamentos e linhas de raciocínio pré-formatadas, como são os paradigmas de investigação do chamado mundo real, concreto e objetivo. Aliás, a Mecânica Quântica e as ciências da consciência, como a Psicologia Transpessoal, vêm mostrando a determinante interferência do sujeito na construção desse real, de resto menos concreto do que se supunha. É como se tentássemos convencer uma crisálida, em plena metamorfose, esquecida da antiga condição de lagarta, de que ela está prestes a voar e conhecer a amplitude de novos horizontes. Nada fácil. Ora, o mundo passa por metamorfose veloz e irreversível. Grande parcela, porém, se arrasta ainda na mesmice do saber pré-formatado e até zomba, incrédula, das asas multicoloridas e dos vôos alheios.

            Consciência planetária teria nascido com as Grandes Navegações, há pouco mais de quinhentos anos? Decorreria de viagens interplanetárias, da comunicação em tempo real, do desvanecimento de fronteiras entre povos, nações, países? Teria vindo para ficar? Seria apenas modismo?

O aumento da consciência planetária poderá gerar mecanismos mais eficazes de exercício da cidadania planetária? Se este for o caso, a comunicação entre indivíduos e entre nações deverá se livrar do falso pressuposto de que culturas de nações economicamente mais poderosas sejam superiores e devam, por isto, subjugar as demais. Como conciliar exercício da cidadania planetária e ausência de uma forma de comunicação mundial de fato acessível a todos, democrática e baseada na igualdade de direitos linguísticos para todos os povos e seus cidadãos? Sem acesso pleno ao padrão culto da própria língua pátria, contingentes imensos da população mundial não têm como exercer sequer a cidadania nacional. Que dizer então da cidadania mundial. Como assinala Koïchito Matsuura, diretor geral da Unesco:

“A língua materna é cara a todos nós. Na língua de nossos pais dizemos nossas primeiras palavras e melhor exprimimos nossos pensamentos. Ela é a base sobre a qual cada pessoa desenvolve sua personalidade desde o momento da primeira inspiração, e é o que a mantém durante toda a sua vida. Ela é o recurso para aprender respeito a si mesmo, à sua história e à sua cultura e, principalmente, às outras pessoas e às diferenças entre elas”.

Transitar da língua materna, preservando-a, à língua fraterna, transnacional, livre de ideologias e interesses de grupos de nações, deve ser direito de todo cidadão do mundo. A Unesco, já por duas vezes, em Assembleia Geral, recomendou o ensino de esperanto como segunda língua de todas as nações – em 1954, em Montevidéu, e em 1985, em Sofia, Bulgária. Segundo modelo apresentado de verdadeira justiça linguística, cada indivíduo tem direito ao pleno domínio da sua língua étnica ou tribal, por menor que seja, da sua língua nacional e de uma língua internacional. Esse ideal de justiça e preservação da diversidade cultural e idiomática tende a encontrar sintonia no coração de cada cidadão atento à consciência planetária, ao defender o princípio: para cada povo sua língua, e para todos os povos o esperanto. Sempre é bom lembrar que o esperanto não objetiva substituir as línguas nacionais e locais, não quer ser língua única, mas sim segunda língua de todos. Portanto, nada tem a ver com o imperialismo linguístico exacerbado hoje, mas reinante de longa data, ao sabor da sucessão dos impérios.

Poderia estar se esgotando o paradigma, até aqui dominante, da alternância de uma dada língua nacional alçada ao papel de língua internacional? Haveria indícios de que sim. Mostra a História a transitoriedade do grego, do latim, do francês nesse papel. No momento, o inglês (ou melhor, uma de suas trinta e sete variantes) se impõe a todos, tornando-se mesmo objeto de desejo de gerações mais novas. Como bem acentua o professor Renato Corsetti, psicolinguista na Universidade de Roma:

Erram os meios de comunicação de massa que de tempos em tempos chamam atenção contra a possível eliminação de todas as línguas pelo esperanto. Frequentemente não se trata de erros, porque tais acusações vêm de pessoas e meios de comunicação de países onde se fala uma língua declarada internacional, e que em grande escala responde pelo desaparecimento de línguas e culturas no mundo hoje.

Antes, porém, de apreciarmos os benefícios da implantação do modelo triádico acima mencionado, com o esperanto como língua transnacional, convém aprofundar o exame da questão. Afinal, que mecanismo psicológico faz supor que não exista a chamada barreira dos idiomas na comunicação internacional? Fotografias nos jornais e imagens diárias na televisão escancaram o óbvio, impossível de negar: se mesmo entre diplomatas, gente preparada em seu ofício, existe a necessidade de traduções da “língua de trabalho” (leia-se inglês) para a língua materna de cada um, então como supor que a barreira de idiomas não exista?! Que bela mentira estão a nos impor! Os gastos astronômicos com traduções simultâneas atingem o preço de três vacinas de poliomielite por palavra traduzida, conforme pesquisas de Claude Piron (2002). Enquanto isso, a paralisia infantil continua endêmica em vastas regiões do Planeta. A paralisia diante de quadro tão dantesco é que é de estarrecer. Em termos concretos, isso significa que nas reuniões e assembléias das Nações Unidas um brasileiro, um coreano, um finlandês têm que se comunicar em uma das seis línguas de trabalho de países que representariam uma espécie de elite econômica e/ou bélica. Quem desconhece os famosos e eloquentes fones de ouvido enfeitando as cabeças dos que dirigem os nossos destinos...?


            Quem frequenta eventos internacionais compreende bem o drama profundo da comunicação precária, assentada em modelo desigual e refém de um batalhão de tradutores e intérpretes. Organizações como Cruz Vermelha, Médicos sem Fronteiras, Escoteiros, Rotary Internacional, Maçonaria, organizações ambientalistas, econômicas, literárias, de Direitos Humanos tentam resolver o problema da comunicação de diferentes maneiras, mas ainda esbarram na resistência à adoção consensual de solução mais lógica, mais justa, mais simples e eticamente mais correta: usar uma língua internacional neutra. Já existem, porém, grupos de esperanto na Maçonaria, no Rotary, nos Escoteiros, em diversas filosofias e religiões, como a Oomoto, a fé Baha’i, o Espiritismo, o Cristianismo. Tais organizações descobriram vantajoso meio de levar seus ensinamentos a todas as partes do mundo, onde milhões de pessoas, espalhadas em milhares de cidades, compreendem o idioma.

            Cabem ponderações acerca das vantagens do uso do esperanto como segunda língua em contextos de exercício da cidadania planetária, portanto, em situações de encontros, simpósios, conferências, assembleias, eventos de organismos internacionais:

1.     Protege línguas e culturas, mesmo minoritárias, da ação predatória dos idiomas dominantes. A mentalidade preservacionista em relação aos recursos naturais e de proteção à biodiversidade, ainda que recente, ganha força na sociedade e tem como aliada a educação das novas gerações. A imprensa abre espaços para essa reflexão, e revistas especializadas divulgam trabalhos dos estudiosos do tema, que adquire crescente prestígio cultural. O correspondente a essa atitude na esfera da preservação da diversidade cultural, no entanto, está longe de alcançar igual destaque na pauta das prioridades sociais e muito menos políticas, ainda que o tema do multiculturalismo ganhe espaço nas pesquisas das universidades.

2.     A Faculdade de Pedagogia da Universidade de Paderborn aponta o valor propedêutico do esperanto, facilitando o aprendizado dos demais idiomas. Os experimentos pedagógicos realizados com turmas de alunos com diferentes línguas maternas que aprenderam esperanto antes de estudarem outra língua estrangeira, em contraste com os grupos de controle que apenas estudaram línguas estrangeiras, evidenciaram os efeitos propedêuticos do ensino do esperanto, reduzindo-se o tempo de aprendizagem de línguas estrangeiras para os alunos do primeiro grupo. A pesquisa tem sido replicada em outros contextos por outras universidades.

3.     Como língua fonética e gramaticalmente regular, seu aprendizado se dá em menor tempo, se comparado ao das línguas étnicas. O que se percebe é que a regularidade das estruturas linguísticas do esperanto encontra sintonia na intuição linguística do falante, conferindo-lhe maior segurança no uso. O intervalo entre a aprendizagem e o uso tende a ser menor, uma vez que o novo usuário do esperanto cedo aprende a confiar no mecanismo da “assimilação generalizadora”, descrito por Piron (2002), segundo a qual fazemos generalizações a partir das amostras frasais que nos são apresentadas desde a fase inicial da aquisição da primeira língua.

4.     Funciona como língua-ponte de toda a cultura mundial. Se ficarmos apenas com a literatura, o teatro, as canções, é fácil constatar o trabalho gigantesco de tradução ao esperanto, ao longo de pouco mais de 120 anos, das mais importantes peças do acervo cultural dos diferentes povos. Em cada país, centenas de falantes do esperanto dedicam-se a essa atividade e disponibilizam a produção literária e cultural aos demais povos dessa forma. Mas, não se trata apenas de traduções, já que muitos produzem originais diretamente em esperanto, buscando um público diversificado e que se reúne aos milhares a cada ano em um país diferente em congressos mundiais ou locais. Na área da produção científica e tecnológica cresce o número de artigos em esperanto, muitos deles publicados em periódicos e revistas especializadas de prestígio ou na enciclopédia virtual Wikipédia. Nesse último caso, leitor atento, leitora paciente, vamos ao item final.

5.     O casamento esperanto + internet altera o paradigma da comunicação verbal em nível mundial. O uso do presente do indicativo (altera), com duração do agora até o não se sabe quando, não vem de graça. Não dá para prever – ou mesmo para ver, em alguns casos – como e com que velocidade uma mudança paradigmática emerge dos mares do inconsciente coletivo ao navegar da coletividade de internautas em seus momentos de solidão compartilhada no mundo virtual. O que vem mudando na comunicação internacional via twitter, redes sociais, páginas de relacionamento? Se essas águas estivessem assim tão paradas, então por que até mesmo marqueteiros de políticos estariam se valendo desses canais e dessas estratégias na promoção de seus candidatos? Por que a vitoriosa Wikipédia se tornou mecanismo de busca preferido de tantos internautas, ela que tem no esperanto uma das línguas com maior número de artigos? Comunicação, esperanto e consciência planetária têm, sim, tudo a ver.


Referências:
PIRON, Claude. O Desafio das línguas: da má gestão ao bom senso; trad. Ismael Mattos Andrade Ávia. Campinas, SP: Pontes; Brasília, DF: BEL, 2002.
http://www.worldlingo.com/ma/enwiki/en/Propaedeutic_value_of_Esperanto


* Professor de Esperanto na Interfoco Escola de Extensão/UnB e na Cooplem Idiomas

terça-feira, agosto 17, 2010

MANIFESTO DE PRAGA

http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_de_Praga

MUITO MAIS QUE UM PERFIL





Paulo Nascentes

O episódio merece profunda reflexão. Alguma lição sempre vem, tanto melhor. Para isso faíscam os episódios. Com a meteorologia do inusitado, as chuvas de verão trazendo uma aflição dentro do peito, a esperança do sol de primavera precisa ser acessada na meditação respirada e atenta. Orelha-em-pé, felino aceso que finge dormir, salto e adrenalina ligados. Ainda assim, susto, surpresa, perplexidade, ataque súbito de ciúme, aspereza na voz e a espada aguda da ironia podem chegar de tocaia, tarde da noite, nos caminhos íngremes da convivência a dois. Respirar consciente é preciso. Viver não é preciso. Navegar é preciso. E perigoso.

O episódio conta de um internauta sessentão, blogueiro recém-saído das fraldas da navegação assistida pelo tópico ‘Ajuda’, jogado de repente sobre o tatame da incerteza, derrubado pelo perfil incompleto de pouco mais de três linhas e omisso no essencial: a felicidade gostosa dos adultos que se trabalham nas escolas diárias do autoconhecimento, do amor e da gratidão. Cuidando assim de suas águas internas. A identidade das duas crianças, por força da lei, seja preservada. A embirrada menina birrenta e o menino de olhar atônito e embaçado emergiram há pouco de desvãos subconscientes da multidimensionalidade psíquica que somos cada um de nós. Sejam acolhidas essas crianças pelo beijo sagrado dos avós e tios-avós que somos também. Mesmo que não se possa chegar perto da criança ferida no momento mesmo dos trovões e da pirraça. Do frio desértico, da secura, do espernear esbravejado. O mistério de nós mesmos é o doce encanto da vida. E perigoso.

Com a Filosofia Clínica, pelas mãos da fenomenologia, lembrou-se da historicidade de cada um, das peculiares Estruturas de Pensamento, dos diferentes perfis em interseção. O perfil lembra as faces de um cubo, sólido cuja geometria constitutiva impede a visão simultânea de todos os lados, todas as faces, todos os ângulos ao mesmo tempo. Mas, ao mesmo tempo, a vivência nos permite confiar-desconfiando, como dizia a vovó. Tem trapaça de percepção, sim, mas tem também o rearranjo da figura completa em alguma instância do ser-que-sabe. Simples assim, sem iniciais maiúsculas para não levantar suspeitas de misticismo, um senhor sério e venerável, mas que tem andado muito com más companhias, a mistificação a pior delas. Com a Medicina homeopática foi investigar a totalidade sintomática da situação, presente nos sujeitos, na esperança de levantar sintomas raros, estranhos, peculiares, atento à individualidade dos sujeitos. Não se cobrava chegar ao similimum ainda na anamnese ou na primeira consulta. Precisaria checar o repertório de possibilidades, traduzida a linguagem dos impacientes. Sim, a impaciência tinha a espessura da massa de concreto afastando o abstrato das nuvens e dos orvalhos matinais. Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta. Com o Aikido, aguardava até o último instante a chegada do shomen-uchi, golpe da mão em espada de cima para baixo em direção à cabeça, para então decidir-se pelo irimi, o tenkan ou o kaiten, nomes de esquiva e não de iguarias de restaurante japonês. O fundamental era preservar a cabeça, o coração e demais órgãos nobre, de preferência de ambos, em busca do reequilíbrio da energia e da recuperação da união estável, confrontada com o princípio da incerteza dos manuais de física quântica.

Pensando agora na paciência do leitor e da leitora, o autor da crônica tragicômica segue ao epílogo, ao ver os primeiros raios de sol de primavera na trégua do retorno ao leito de tantas alegrias e cumplicidades, de tanta ternura e tesão. A esperança parece convidar, senão ao diálogo, ao menos ao silencioso encontro da transdisciplinaridade aplicada, que o tímido beijo matinal vem propor e reforçar. E assim o projeto de lei segue tramitando na câmara do cardíaco e no senado do centro hara. Aprovado, seguirá à sansão presidencial, nesse caso exercida pelo colegiado do amor e da arte de viver a dois, o decreto irrevogável da sensatez em consonância com a lei cósmica. Mesmo com iniciais minúsculas, como requer a prudência diante da modernidade, por vezes um tanto pernóstica, a lei cósmica se cumpre.

segunda-feira, agosto 16, 2010

SOBREVIDA


Paulo Nascentes
Poesia dispensa apresentação. Por ser poesia, representação. Ou representa ação. Fingimento. Ficção. Espécie gozada de gozador, o poema goza o tempo todo com a cara de quem não goza. A vida, por exemplo. O amor. Mesmo a dor às vezes é tão gozada!


Poema se mente ou não mente é ente, antes sêmen que somente seminário do mesmo e do vário. Semeia no ovário do nada. Do calvário ao desvario varia a fala da louca poesia. O poema, louco, aceita e nega que de médico poeta e louco quem de nós não tem um pouco? Só louco!


Livro de poemas, outra história. Desce a deusa do olimpo e suja as mãos de diva no divisível, no numerário, na despesa, no fragmentário da dívida e da dúvida. Publica? Não publica? Faz-se tímida ou pública e notória? Nas manhas do negócio, tantas vezes tão simplória, sorriso amarelo, vestidinho de chita. Quando não lacinho nas trancinhas sob o chapéu de palha.


Mas um dia, mais livre, o livro. E aí é um deus-me-livre! Cada palavrão falando grego: prefácio, ficha catalográfica, prolegômenos, posfácio e facsímile. Isso gasta o latim! Enfim, pra concluir, por onde ir na tal temática o poeta, que em matemática nunca foi bom? Achou então que a boa temática seria dar voz à própria poesia para falar de si mesma. E veio a idéia: metapoesia. Mas isso é música antiga. Pois então, música arcana.


Nasce assim este objetivo. Este fim, esta meta. META: POESIA EM MUSICARCANA.
Visita ao Museu Esperanto em Viena
abril de 2006

domingo, agosto 15, 2010

ME PASSA A ESCRITURA!

Paulo Nascentes

         Autômato irritado, meu sono ausente exige escritura de texto e cartório. Incapaz de desligar-se, o computador que me desligaria tem avariado seu comutador. Com muita dor passa vermelho entre os poros o texto ardente maldormido, cansado e aceso, pesado e agudo.

         Como tamanho cansaço não se desliga e me fustiga? Como as imagens, as idéias, os conceitos, soldadinhos-de-chumbo de desenho animado, marcham e contramarcham em desfile de parada, que é onde nunca param? Como minhas mãos e minhas partes assim se partem em desespero e fúria? Como essas ventanias que me habitam sopram calor e fogo e fúria e frio e fogo e fatos e fotos e fofocas infindáveis em meus ouvidos quase surdos? Como brisas tão sutis revelam súbito faces tão frenéticas, infrenes e insones? Quando e como, se é que enfim, o texto que se desfia e me desafia vai ter seu fim? Só muita escrita, muita escritura, muita fratura me silencia?

         A paz dos poros almeja rosas nesses vermelhos, deseja prosas com poesia de entremeio, requer nas linhas toscas e tortas as entrelinhas que me estrangulam gritos, grotas e grutas. A paz vem grata, greta sem garbo, humilde e mansa. O programa avança suas rotinas, já quase alcança minhas retinas, onde ainda dança alguma neblina.

         Ao menos nevoeiro, vou cego e canso de tropeçar no que sempre esteve onde sempre está: aquele lá que é sempre aqui onde nunca se está quando aqui se está! Só quando escrevo, já menos escravo, algum feixe de luz se faz corrente e sente que a paz estou, no que restou de mim. E assim-assim, vai se afrouxando o nó da garganta e das cordas vocais. Já o nó é laço e o desfaço fácil, fácil. Brota na rota ligeiro sorriso, quem sabe idiota, mas frouxo e liso, como é preciso.

         Como é preciso esse escrever-me, que o esquivar-me e que vai me gastando e desgastando, governando e desgovernando, comovendo ou como ouvindo. Ou indo. Ou, findo, o texto se espraia como vaga expressão que já foi onda e agora afaga e acolhe o sono, que enfim disse que veio. Vou nesse meio, vou nesse enleio, antes que de novo o sono me esqueça. Antes que eu amanheça, antes que cambaleante eu reapareça autômato irritado incapaz de desligar-se.

         Agora, um gole dágua, um xixi, uma descarga e durmo!

TAMBÉM FINJO/ ANKAŬ MI ŜAJNIGAS

Paulo Nascentes

Enquanto me escrevo me destruo partes indizíveis
reconstruo aquelas em segredo
que porque não digo escancaro e criptografo
num mesmo movimento.

Um pouco antes, ágrafo. Durante e então, enxurrada.
Logo depois, liberto escravo...

Escravo do que escrevo, liberto do que oprimia,
desperto e agora me atrevo
a não dizer o que escondia...
**********
Dum mi min priverkas nedireblaĵojn detruas  
kaŝe rekonstruas 
kiujn, ĉar mi ne diras, malfermegas kriptografe
en nura sama movo.

Iom antaŭe, neniu grafio. Dŭme kaj tiam, torenta akvo.
Tuj poste, liberigita sklavo...

Sklavo de mia verkaĵo, libera de kio min premis,
vekiĝinta mi nun aŭdacas
ne diri tion, kiun kaŝadis...

FLUIDEZ

Paulo Nascentes

Sem esforço idéias desfilam nuas
de palavras sempre esquivas: pugilistas grogues.
Sem esforço idéias grogues desfilam conexões ímpares
na página apaixonada.
Sem esforço palavras ímpares e grogues
apaixonam-se por seus pares
e faíscam nuas poesias bêbadas de luz e de esgoto: treva e trovão.
Sem esforço um poema fede
sob o zinco subnutrido do barraco lírico e etílico
das orgias governamentais.
Sem esforço parlamentares acariciam propinas
no silêncio corrupto.
Sem esforço o poema finge fluir
e engasga a leitura fácil e sem esforço
dos acomodados.
Sem esforço o esforço se disfarça
e diz:
- Farsa!  

CICLO/ CIKLO

❤️
A vida em mim nasce e morre
numa inconstante corrida:
não sei se sou eu quem corre
enquanto em mim corre a vida.
Não sei se sou eu quem morre
em cada pessoa morrida,
não sei que líquido escorre
e me nutre – água da vida?
Não sei que partícula dança
quando, luz, me fiz criança
e entrei no tempo e no espaço.
Não sei que onda me leva,
se sou luz mesmo na treva
quando, esperança, renasço.

***********

Naskiĝas kaj mortas vivo
dum nekonstanta kurado:
ĉu mi kuras mi ne scias
dum kuras ja mia vivo.
Ĉu estas mi kiu mortas
tra ĉiu homo mortanta,
ĉu tiu likv' skuanta
min nutras – akvo de viv'
Ĉu iu partiklo dancas
kiam, lum', mi infaniĝis
tempo-spacon enirinte.
Kiu ond' irigas min?
tiu lum' eĉ dum mallum'
espero renaskiĝinta?

MULTIUNO

Paulo Nascentes
No verso da cartografia
a grafia da carta
de navegação:
o reverso da negação do medo,
o contato pleno com o perverso 
e o sereno,
que acolho ao me saber
            disperso,
que acolho profundo
ao me saber vário
e uno!
**************

En la verso de l' kartografi'
la grafi da carta
de navegação:
o reverso da negação do medo,
o contato pleno com o perverso 
e o sereno,
que acolho ao me saber
            disperso,
que acolho profundo
ao me saber vário
e uno!

sábado, agosto 14, 2010

PERCURSO PROFISSIONAL

CURRICULUM VITAE


PAULO P. NASCENTES

Natural do Rio de Janeiro - RJ - Professor Aposentado da UnB - INSTITUTO DE LETRAS - DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, LÍNGUAS CLÁSSICAS E PORTUGUÊS - LIP           

Professor de Esperanto (UnB/LET/UnB Idiomas)

 I. FORMAÇÃO ACADÊMICA
Graduação
Licenciatura em Português-Literatura - (UERJ, 1972)
            Pós-graduação
Licenciatura em Pedagogia, Supervisão e Inspeção Escolar - (FEUC/Campo Grande/RJ, 1976)
Especialização e Aperfeiçoamento em Educação: Didática do Ensino Superior - (SOMLEY, 1982)
Mestrado em Letras, Língua Portuguesa - (Universidade Federal Fluminense/UFF, 1989)
Formação Holística de Base - (UNIPAZ/DF - 1993/94)

II. EXPERIÊNCIA DE ENSINO
Ex-professor de Português dos seguintes estabelecimentos:
FACULDADES INTEGRADAS CASTELO BRANCO (RJ)
SOCIEDADE UNIFICADA DE ENSINO SUPERIOR AUGUSTO MOTTA - SUAM - (RJ)
COLÉGIOS MILITARES DO RIO DE JANEIRO (CMRJ) E DE BRASÍLIA (CMB)

III. APROVAÇÃO EM CONCURSOS PÚBLICOS
Exame de Suficiência para Professor do CMRJ, Língua Portuguesa, março de 1983
Concurso Público para Professor Assistente de Português (Departamento de Linguística, Línguas Clássicas e Português (IL/LIP/UnB, 1996)

IV. EXERCÍCIO ATUAL
Professor de Esperanto (UnB/LET/UnB Idiomas)
Professor de Metodologia Científica no Curso de Homeopatia do ISI - Instituto de Saúde Integral

V. ESTÁGIOS, CURSOS E PALESTRAS PROFERIDAS
Língua Portuguesa e de Linguística, no Curso de Licenciatura Polivalente do I Grau, UERJ/Campus Avançado de Parintins/AM - Projeto Rondon - 1973
X Congresso Nacional de Letras e Ciências Humanas - SUAM, 1992 (conferência: Produção de textos no I e II Graus)
Encontro de Professores de Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e Portuguesa - SUAM, 1993 (curso: "Redação expressiva")
"Leitura e Produção de Textos" Mesa-redonda/palestra proferida, na 1ª Semana de Letras da UnB, 1997
"Escrita no ritmo pessoal e uso da MPB como recurso didático" Curso para professores de língua portuguesa de 1º e 2º Graus - CESPE/UnB - Fórum Permanente de Professores - 1997 - 30 horas
"Escrita no ritmo pessoal e uso da MPB como recurso didático", LIP/UnB, 1998 - 30 horas
"Escrita no ritmo pessoal e uso da MPB como recurso didático", FÓRUM PERMANENTE DE PROFESSORES (CESPE/UnB), 1998 - 20 horas

VI. TRABALHOS PUBLICADOS
"Mutante" e "Possibilidades" (poemas) In: Revista Didática. Rio de Janeiro: CMRJ, 1986. pp. 70-1.
"Proposta diamante" (poema) In: Revista Didática. Rio de Janeiro: CMRJ, 1987. p. 79.
Letras vivas: os poetas no rádio (co-autoria). - GALVÃO, P. C. et al. Rio de Janeiro: Hossana, 1984. 98 p.
Menin: o menino que pintava o acontecer. (narrativa poética infanto-juvenil). 2. ed. Curitiba: AMORC, 1992. 50 p.
Murilo Mendes: poesia em ebulição - um estudo das variantes lexicais em poemas de O Véu do tempo, livro segundo de As Metamorfoses. Niterói: UFF/Instituto de Letras, 1989. 122 p (dissertação de mestrado).
 "Paulo Nascentes venceu concurso" - reportagem no Folha Dirigida (Coluna do ensino superior) - jul. 1993.
"Torrão de açúcar" (crônica). In: Revista Augustus. Rio de Janeiro: Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta (SUAM), v. 1, n° 3, dez 96. p. 6.
 "MPB chega às salas de aula" Entrevista Suplemento de Educação Jornal de Brasília, ano 2, n° 53, 3/11/97.
"A escrita no ritmo pessoal e o uso da MPB como recurso didático" (artigo). Jornal Lago Notícias, ano 9, n° 56, dez 1997, p. 15.
Português falando e escrevendo. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1989. 4 vols. (coautoria)
"O Dito e o não-dito em letras da MPB: uma leitura dos verbos dicendi" In: Contato: revista brasileira de comunicação, arte e educação. Ano 1, n. 2 (jan./mar. 1999). Brasília: Senado Federal, Gabinete do Senador Artur da Távola, 1999. pp. 149-58.
Brasília, 2016