PaPos Nascentes - poéticos, psicoterapia, mentoria

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segunda-feira, setembro 30, 2013

SACANINHA / RUZATEKSTO


esquivo e safo
meu texto silencia não o grito, a dor:
e tangencia o ponto
fingindo-se abrangência

o texto se distancia
e se desvia da emergência
na hora da verdade
e se esquiva e se evade
e na fuga
largando sinais e pistas
espalha falsas palavras
semeia sinais trocados
mostra indícios camuflados

meu poema instaura círculos
e finge voltar ao início:

     - meu texto é safo e safado!

***************

sindeturna kaj ruza,
ne l’ krion, sed doloron mia teksto silentigas:
kaj la punkto tanĝetuŝa
amplekson ŝajnigas

la teksto iras for
kaj devojiĝas el danĝer’
en kriza hor’
kaj sindeturnas kaj forfuĝas
dume
forlasante signojn kaj spurojn
falsajn vortojn disas
inversajn signojn semas
kaj montras kamuflatindicojn

mia poemo ekestas cirklojn
kaj ŝajnas rekomenci:


     - mia teksto ja ruzas kaj sagacas!

sexta-feira, setembro 27, 2013

BOA ESPERANÇA / BONA ESPERO



Aquilo que surge despencado dos campos sinuosos do futuro
nos acaricia a surpresa insana
nos aponta facas transgressoras e se faz invisível e insalubre
como bocas pantanosas e desdentadas.

O que surge urge e se refugia no orgulho enrugado 
da autoimagem
que os espelhos espalham e ocultam
agredindo memórias esguias como maquiagem desfocada:
nosso assombro desfalece no seio murcho do tempo violáceo.

Pingam da ampulheta futuros rudes por vezes sinceros e calvos
costurando infinitas possibilidades
de passados inapreensíveis como poemas enregelados e gordos
abrigados em estrofes e gorros esfiapados em relatos crespos
ou nulos ou cansados.

Quem pode desnudar o ventre dessas narrativas obesas
nos seus delírios de albatroz
em asas colibri e aragem?
Se as desnudares certa penugem sob o pó da audácia
buscará quebrar as lâmpadas
incendiar a folha fina onde meditam pirilampos.
                                                                 E daí?

Que relato com ar de poesia se denunciará tanto veracidade
como ficção entusiasmada, ainda que gringa,
ainda que ginga em desamparo?

Existiria a reversão da resposta à pergunta por vir à luz?
Onde o resgate da missão
sabidamente adormecida nas dobras akáshicas?
Onde o instante exíguo do presente
na ampulheta do desfile inábil
do porvir envelhecido?

Mantido o nome como cambiar a lâmina da destinação?
Que fisionomia assumirá a instituição
no remexer dos propósitos feridos?
Quem vestirá o atrevimento da expulsão
ardida dos tiranos?
E se a tirania viaja aderida em nosso olhar encavalado
de resíduos veterinários?

Não sei! Não sei! Mas a face
anjodemônio nos espreita abismos!  

*************************************************
Kio fulme ekfalas el sinue ontaj kampoj
nin karesas la frenez-surprizon
nin celas per ribel-tranĉiloj kaj iĝas nevideble san-damaĝa
kiel kotaj buŝoj dentomankaj.

Kio fulme urĝas kaj rifuĝas orgojle faltiĝata de la propra imago
ho! speguloj dise kaŝas, kaŝe disas,
agresante graciajn memoraĵojn kvazaŭ ŝminko mise fokusita:
nia mirego eksvenas en malŝvela sino de viola tempo.

El sablohorloĝ’ estontoj krude gutas foje sinceraj foje kalvaj
senfinajn eblecojn kudras de preteritoj nekapteblaj plu
kiel poemoj dik-frostitaj ŝirmantaj en strofoj kufaj
despecigataj dum raportoj krispaj
aŭ lacaj certe nulaj.

Kiu povos nudigi la ventron de tiuj dikegaj rakontoj
en deliroj de albatros’
kun flugiloj de kolibro kaj zefir’?
Se ilin vi nudigos ia lanugo sub l’ aŭdacpulvor’
provos frakasi lampojn
bruligi la gracifolion kie meditas lampiroj.
                                                    Kaj do?

Kiu poezieca rakonto sin montros vereco
kaj entuziasma fikcio, eĉ se fremda,
eĉ se svinge senprotekta?

Ĉu eblus la renvers’ de la respondo al demando naskiĝonta?
Kie la elaĉeto de misio
evidente endormiĝinta sur akaŝaj faldoj?
Kie la magra momento estanta
- sabla horloĝ’ de mallert’ defila
de l’ maljunigata estonto?

Se la nomo samas kiel ŝanĝi la lamenon de la destinado?
Kiun mienon montros la institucio
dum rearanĝo de vunditaj celoj?
Kiu vestos la aŭdacon de forpelo
arda de tirano?
Kaj ĉu la tirano gluate vojaĝas sur nia rigardo ĉevaleca
de bestokuracistaj spuroj?

Mi dubedubas! Sed la mieno
anĝeldemone nin spione abismas!  


terça-feira, setembro 17, 2013

SOL /SUN'



Confiança ou sem fiança

compaixão e sem paixão,

energia, integração!

Troca é só fofoca?

Pertencimento é cimento!

Movimento movo invento:

pulso expulso impulso.

Na Presença tem sabença

                           - sapiência!

e por isso, gratidão

é o que te dão


dentro da dignidade sou todo conexão!


[Poema composto a partir de palavras da 8ª Classe da Turma 7/BSB da DEP - Dinâmica Energética do Psiquismo] 



**********

Konfido aŭ sen garanti’

kompato kaj sen pasi’:

energias integriĝo!

Interŝanĝo klaĉas nur?

Nin cementas aparten’!

Movmovas mia invent’:

pulso forpelo impulso.

Ĉeeste saĝas klereco

                     - plensaĝeco!

Pro tio plenas dankem’

sekva donaco al vi 



Dignoplene tutkonekto iĝas mi!


[Poemo komponita ekde vortoj de la 8ª Sesio de Klaso 7/BSB de DEP - Dinamiko Energia de Psiĥismo] 

segunda-feira, setembro 09, 2013

PER VERSOJ


per versoj persvadi
poezie jam li penis
pervorte post revadi
al poezio li revenis

persekuto ekaperis
li tamen ne komprenis
ŝtelon imagis menso
stela fariĝis l' esenco.

segunda-feira, setembro 02, 2013

PLUVOFLUO


finfine pluvas
vivo vigle printempas
viglo vive sentempas
samtempe sereno
samtempe tempesto

verdo revenas al nesto
io venenas - foresto
ĉu io ĝenas - marĝenas
sed kio silente festas?
Esto,
Ĉeesto, kiu estas!

vigle vivo saĝas
mia koro ne aĝas
senage agas senprave pravas
kiu atente atestas?
kiu foriras? kiu restas?

rigardo singardas
emocio invadas
mildeco kaj ardo
en brusto
frustro sin lavas
okuloj larme pluvetas
vivo moviĝe pluvadas
plivigle pluvegas
sekeco ne plu
naturo jam regas
eĉ verdas la blu'
- mia vivo, mia flu'!

quarta-feira, agosto 28, 2013

FRAÇÃO DO ETERNO / ETERNA ERO




poesia projétil percorre teu dorso
escorre meu verso erétil liberto
de panos e planos
na tela macia do lençol bordado
me queres namorado
te quero assim esguia
mistério indecifrado

minha palavra projeto
meu verso alto te falo
meu sussurro (in)delicado
percorre orelhas e dobras
e dobras assim os joelhos
tua testa me testa e falo
no seu ouvido e falo na sua boca
cilindro lindo te envolve e louca
e me devolves poesia
no teu silêncio mais terno:
- momento que o tempo suga
somente semente - eternos!




Pafaĵ'poem' vian dorson trakuras
erektebla mia vers’ elfluas
libera je drapoj kaj planoj
sur l' mola tol’ de lit-tuk’ brodata
vi min volas koramiko
vin mi volas subtila
mistero nedeĉifrata

mian vorton mi projektu

mian verson alte diru
mia delikata murmuro
trairas orelojn faldojn 
kaj faldas vi la genuojn
min testas la frunto
mi diras faluse
ĉe via orelo kaj buŝo 
cilindro ĉirkaŭas vin 
freneza poezion redonas vi 
per via plej milda silento:
- momento suĉata de l’ tempo
semosperme - ni eternas!

sábado, agosto 24, 2013

POEMO JEN NOKTUO BLUA / POEMA UMA CORUJA AZUL EM FUGA






forfuĝas ribele nokto blua
dum poemo skuas ien. kien? 
elfluo bruas brua brue
enue teda noktuo pledas:
nur nokte mi videtas
dum subsune mi blindegas
ho ve! nia vivo min ridigas:
ju pli miaj okuloj malfermetas
des pli misdorme mi dormetas

noktuo do klarigas:
vidinte min oni imagis min simbolo
pri saĝo, klarmenso, eĉ lerteco
ju pli saĝon deziras mia volo
des pli stulte dormemas tia eco

jen do noktuo iĝas mi:
sendorme mi verson persekutas
ĝis kiam poemon oni aŭskultu
- senlume kaj blinde mi baraktas
dum ribele poemo blue skuas...
mi bele tion verke misredaktas
forfuĝe bele-ribele nokto noktue bluas 


********************
POEMA UMA CORUJA AZUL EM FUGA

 


rebelde em fuga a noite azula
o poema ginga e se esvai
no frufru o fluir... pra onde vai?
tédio, coruja, mocho, muxoxo:só à noite vislumbro
e tanto sol me cega

- eta vidinha besta a nossa!

tanto mais olhos semiabertos
mais o cochilar meio desperto
nota de esclarecimento da coruja:
no imaginário humano, símbolo
de mente clara, sabedoria, até esperteza:
quanto mais sabedoria quer
mais estúpido o cochilo na incerteza
quanto de coruja tenho sido!

maldormido um verso persigoaté que um poema se escute
- cego no escuro às apalpadelas
nisso, o poema azul me escapa...redijo esta beleza maltratada
fogem sabedoria, noite, coruja, a Poesia 

quinta-feira, agosto 22, 2013

SAĜO



nekonvinkite pri homa nescio
saĝulon li malsaĝe imitis.
Kormove belinon li invitis
ludi ame.
Amante vere
ili ja saĝiĝis
same.

segunda-feira, agosto 19, 2013

TREZE POEMAS E UMA FUGA

Papos Nascentes recebe 13 poemetos e uma fuga em língua materna nascidos em madrugada torrencialmente produtiva. Aspirantes à amplidão, gostariam mesmo é de serem bilíngues, oscilando do Brasileiro (jeitinho doce de falar Português) ao Esperanto (jeitinho esperto de dar um chega pra lá na barreira das línguas).

A fuga fui encontrá-la escondida debaixo de um temor ao ridículo. Ao me ver, fechou os olhinhos, como fazem as crianças, supondo assim anularem perigos do mundo. A fuga se deu pela crença forte, quem sabe infantil, na minha incapacidade de recriar cada um dos 13 poemetos em Esperanto, já que poemas não se traduzem, mas se recriam de língua para língua, com artimanhas de poeta...

Assim, nasce o tímido pedido. A recriação desses 13 poemetos se faça leve e prazerosa brincadeira de criança. Sem a seriedade pesada do adulto, em geral esmagado por urgências tão inadiáveis quanto desimportantes... Fica o convite à sua criança. Que ela tome pelas mãos o adulto que quer brincar de melhorar o nível de expressão em Esperanto. E só de brincadeira ingressa na equipe de traduto..., digo, de recriadores de poemetos, não importa quantas outras crianças estejam também na ciranda. Ciranda cirandinha vamos todos cirandar!


1.           AMPUTAÇÃO
só o que conta
computo
só se me dispo
disputo
por duas vezes
reputo
e não tem
meu pé me dói:
amputo
puto
e puto!



2.           DOIDO DOÍDO
é doação?
doo
é doeção?
também doo
e a duração?
perdoo?
antes me atordoo



3.           SEM TEMPERO
estive doido
estou doído
(na comunicação
o ruído)
endoideci
adoeci
(na alma
agrura: o roído)
na amargura,
algum milagre?
― to no vinagre!
do fim do ardor
algum sinal?
― to no sal!



4. DUPLAS
a fé e o fel
o amém e o mel
a dor e o odor
(odor do ardor?)
a harpa a carpa
e o arpoador
a farpa e sua escalada
(a escapada e a escarpa)
a cerca e o circo
(e acerca do cisco)
o petiz e o circo:
um petisco!
a marca e o carma
que a carne marca
a busca e o lusco-fusco
o apocalipse
e esta
besta
do após calipso
     eu, besta
     ― e basta!



5.           FULGOR FUGAZ
a folha em banco
          em branco
não passa
― ou é falha!
o poema é o branco
da folha
por trás do trilho
do estribilho
por trás das letras
                 pretas
portais
(do brilho?)



6.           CURTO
três versos
onomásticos
ou no máximo
uni
      verso!



7.           EPA!
o espaço no papel
o tempo insone do poeta
o papel do poeta
o passatempo da insônia
doída da ida
(sem volta?)



8.           NÃO BROMETO NADA
que poemeto
meto
neste canto?
brometo!
suicídio?!
(por cianeto
de potássio)




9.           FINURA
Text
       í
       c
       u
       l
       o
assim
com
pac
to
fura
o
pa
ca
to
cura
o
pe
ca
do?!



10.        DE CIMA
rima
com pés
quebrados
rima
com nada
aí em cima
(essa dor
não fode
nem sai...)



11.        OBRA
na dobra
o poema
se desdobra
e recobra
o tema
(essa lua
macabra!)
comovidos
o diabo
e o conhaque



12.        DOZE?
dose!
me larga!
a vida
é 12
ou amarga?



13.        DESTILAÇÃO DESTILAMENTO
deste lado,
o sofrimento
se faz poesia

destilada,
a poesia
escorre a vida

lado avesso
da vida
é o verso
do verso
do avesso
da vida

avesso
a trocadilho,
apenas converso
a trocar
idílio

destilado
o iso-lamento
deste lamento
deste alimento

desta alimária!