ensaio o texto que se esquiva
que se esvai:
água derramada causa perdida
meu fôlego indomado é o que resta
em surdina ensaio o gemido
da angústia na pele engastada
tornada rubi rubor desmedido
calor desastrado queimando carícias
absurdamente engavetadas
feito poemas contrafeitos
o poema ensaio em tentativa crônica...
aguda a tentação se faz novela
inacabada
se o poema não passa de ensaio
rabinho entre as pernas
de fininho saio!
Poesia. Contos. Crônicas. Arte terapia. Mentoria (ISOR®). Supere conflitos! Beletro. Poezio. Noveloj. Poezio. Artoterapio. Mentorado. Superu konfliktojn!
sábado, março 17, 2012
CONFLITO
pode o amor mais que qualquer segredo
disfarçar-se de medo - não me iludo
o amor pode isto - e pode tudo
e mesmo disfarçado é o antimedo
o amo sem disfarce é confiança
o poder sorridente da alegira
na lágrima no brilho que escorria
a certeza na incerteza sua herança
se o amor vem de medo disfarçado
seu contato sem querer evito
e fico olhando assim meio de lado
modulando o terror desse teu grito
melodia de tom desencontrado
quer por que quer levar meu infinito
disfarçar-se de medo - não me iludo
o amor pode isto - e pode tudo
e mesmo disfarçado é o antimedo
o amo sem disfarce é confiança
o poder sorridente da alegira
na lágrima no brilho que escorria
a certeza na incerteza sua herança
se o amor vem de medo disfarçado
seu contato sem querer evito
e fico olhando assim meio de lado
modulando o terror desse teu grito
melodia de tom desencontrado
quer por que quer levar meu infinito
LAÇO MEIO LASSO
num outro poema faço
um laço das cordas da lira
e das cordas vocais o abraço
feito laço já delira:
se o laço o presente enfeita
meu coração já te dou e te dei
meu coração, você me aceita?
com o teu já me acertei
e nem preciso de laço
pois já bate no compasso
na cadência que sonhei
um laço das cordas da lira
e das cordas vocais o abraço
feito laço já delira:
se o laço o presente enfeita
meu coração já te dou e te dei
meu coração, você me aceita?
com o teu já me acertei
e nem preciso de laço
pois já bate no compasso
na cadência que sonhei
BERROS EM VÃO
aos berros e em vão
poema exige audição:
audiência impõe a indecência
da desatenção
no bar
ouvidos semibêbados
só querem tagarelar
tímido o poema se recolhe
em seu recato
tenta digerir o desacato
mas no ato
o vexame não evita:
mantém-se quieto e sóbrio
- mas vomita!
poema exige audição:
audiência impõe a indecência
da desatenção
no bar
ouvidos semibêbados
só querem tagarelar
tímido o poema se recolhe
em seu recato
tenta digerir o desacato
mas no ato
o vexame não evita:
mantém-se quieto e sóbrio
- mas vomita!
GANA DOS VENDAVAIS
por que você não me ama?
anseia a amada por mais
do que esse peito reclama?
dos poemas que não me faz!
o diálogo na cama
nossa chama acende mais
e o fogo devora a grama
na gana dos vendavais...
cada dia mais e mais
além do que sou capaz
com você me comprometo
volte um pouquinho atrás
releia aquilo que jaz
por trás do pífio soneto!
anseia a amada por mais
do que esse peito reclama?
dos poemas que não me faz!
o diálogo na cama
nossa chama acende mais
e o fogo devora a grama
na gana dos vendavais...
cada dia mais e mais
além do que sou capaz
com você me comprometo
volte um pouquinho atrás
releia aquilo que jaz
por trás do pífio soneto!
AH SALTO QUÂNTICO
(aos cinco sujeitos armados e sem convite
que entraram na minha casa)
uma frase esfarrapada boia
impossível ter-me eu escrito
com as tintas da paranoia
quanto escrevo é alma é grito
ter sido logrado em troia
ter sido largado aflito
em terra que não me apoia
mas na ânsia de infinito
setas lanço contra o Alto
e assim muito mais dói a
dor que minto e engasgo o grito
esfarrapado: - isto é um assalto!
e me respondo: - é metanoia!
ABANDONO
a tosse a dor a coriza
o malestar na garganta
cada sintoma avisa
contra a gripe o que adianta?
o jeito é ficar de molho
o jeito é ficar de cama
já fica vermelho o olho
fica a amada de pijama
à noitinha um alvoroço
e toca a fazer cafuné
e massagem no pescoço
massagem boa no pé
depois da massagem o sono
vem aquela paz enorme
ela dorme e eu não durmo
quisera a paz o abandono
com que minha amada dorme
- mas meu sono perde o rumo
o malestar na garganta
cada sintoma avisa
contra a gripe o que adianta?
o jeito é ficar de molho
o jeito é ficar de cama
já fica vermelho o olho
fica a amada de pijama
à noitinha um alvoroço
e toca a fazer cafuné
e massagem no pescoço
massagem boa no pé
depois da massagem o sono
vem aquela paz enorme
ela dorme e eu não durmo
quisera a paz o abandono
com que minha amada dorme
- mas meu sono perde o rumo
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