sexta-feira, julho 13, 2012

VÉU DA PROFECIA

aos deuses mesmo que etílicos
peço que o tempo se contraia
e aceite o beijo do profeta
no intelectual em sua pose...
     piedade pedi para o poeta
     ao descompactar o arquivo
                  - sem qualquer aviso - 
do ano dois mil e doze
resultado: uma lacraia
roeu-me a roupa e o véu de Maia.

SUNSUBIRE

ronde al fajro
aro da fratoj
gefratoj pripensas
lumon, vivon kaj amon
fajre, flamo
brile flavas
brulas klaras
vere ĉarmas
varme staras

nutro de l'fajro:
ĉia malpuraĵo,
reven' al harmonia
ekvilibro korpa, spirita
de ĉiu emocio nia

malvalidas
interkonsentoj inter
gepatroj, filoj, duonfiloj,
(eks)edz(ino), iu ajn kiu povu
malliberigi min en la tria dimensio

atentu viro kaj virino, knabo, knabino,
permesatas mia flugo
al mia propra destino 

quarta-feira, maio 16, 2012

EU QUERO, AMIGA!

a lentidão dos astros
ao percorrer o céu da tua pele
eu quero
a volúpia incandescente das lentas lavas
ao deslizar as vertentes do teu dorso
eu quero
a lascívia lenta e lassa de sol-posto
o escalar a colina dos teus cones
quero
a sinfonia calma − oco das grutas −
ao percutir o agogô macio dessa bunda
eu quero
mas sobretudo
a fúria de mil lobos
uivando em descontrole em teu regaço
eu quero
o calor borbulhado de altos-fornos
derretendo o aço dos gestos de equilíbrio
eu quero
o furor trepidante das borrascas incontidas
do teu ser inteiro
eu quero
e novamente
a lentidão dos astros
quero
a volúpia incandescente das lentas lavas
quero
a lascívia lenta e lassa de sol-posto
quero
a sinfonia calma a calma sintonia
do teu ser inteiro
quero
     e quero
          − e quero!

quinta-feira, abril 12, 2012

POEMA DO ESCREVER / POEMO PRI VERKADO



escrevo porque escuro
então clareio
escrevo porque não sei
então nomeio
escrevo porque oculto
na pele da noite
então escavo coço caço
palavras porção imagem
escrevo porque me instigas
com tuas leituras
novas torturas do expressar
escrevo porque me cura
a palavra e sua lavra e procura
escrevo porque me inventa
a invenção que teço
e me aconteço

autor do meu dizer disperso,
sombra sufocada em cada verso,
escrevo enfim porque tô a fim
de surpreender nas possíveis leituras
o porquê dessa libertação
me fazer mais escravo
do escrever
             com a fúria do me escavar
             com a febre de me encontrar



verkas mi pro mallumo
do mi lumas
verkas mi kial ne scias
do mi nomumas
verkas mi pro kaŝo
sub la nokta haŭto
do mi fosas gratas ĉasas
vortojn porcion imagon
verkas mi ĉar min vi instigas
per via legado
novajn esprim-torturojn
verkas mi ĉar min kuracas
la vorto sia esploro kaj kulturo
verkas mi ĉar inventas min
la invento al vi teksata
kaj mi okazas

aŭtoro de mia eldiro disa,
umbro sufokata en ĉiu verso,
verkas mi fine pro mia celo fina:
la surprizigo dum ebla legado
de la kialo de tiu libero
igi min pli sklava
de la verkado
         per la furiozo de mia disfoso
         per la troa febro de mia eltrovo
            

sábado, março 17, 2012

HISTORINHA INFANTIL




pinto peru passarinho
queriam ver perereca
mas esta muito sapeca
apertava o passarinho

e quanto mais apertava
mais gluglu peru fazia
pinto a cabeça esticava
e passarinho cantava
a mais linda melodia
perereca bem no fundo
gostava daquele trio:
vinha um suspiro profundo
na pele um bruta arrepio

perereca arrepiada
faz que pinto enterneça
peru bêbado olhava
pinto encostava a cabeça
no ombro da perereca
que beijava passarinho
o tempo ficando quente
a perereca suada
pede ao peru um golinho
daquela bebida encantada


- brincadeira assim tão boa
alegra o meu coração!
o pinto cabeça erguida
tinha virado pintão
perereca comovida
celebrou a união!

AGUARDANDO RESGATE

há uma luz aguardando resgate
e só você poderá fazê-lo
escondida como se num mundo à parte
aguarda tua ação amor e zelo

a luz desceu fundo nas camadas do teu corpo
e envia sinais e sintomas, hematoma e pus,
como se o espelho refletindo torto
viesse te lembrar: 'eu mesmo ali a pus'

fui soterrando e empurrando mais pra dentro
cristalizando numa dura crosta
mantendo-a separada e esquecida

cansado de sofrer regresso ao lar e ao centro
encontro alguma pérola onde só era ostra
e a luz reencontrada diz seu nome: vida!

MUIPO-OPIUM

muipo se olhava no espelho
não pra ajeitar os cabelos
queria jogar luz nos tornozelos
do ultravioleta ao infravermelho

mesmo tendo cheiro de jasmim
na papoula muipo tinha origem
devolvia enfim à pele seu cetim
alivia antigos males que a afligem

força do centro enfim se recobrava
e a luz central tímida brilhava
revigorando o que antes era ócio

do vício renascia para o viço
o desleixo transmutava-se em serviço:
começava a agir dinamizado o ópio?

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