terça-feira, agosto 27, 2024

DEMASIADO HUMANO / TROA HUMANULO

 


DEMASIADO HUMANO

Não sei se assistente, insistente,

inconsistente ou mero desistente.

Nem sempre sigo o plano:

sou só um ser humano!

 

Talvez irresponsável, indomável,

quem sabe leviano:

sou só um ser humano!

 

Se serve de consolo

o violão que toco

quebrou-se contra o solo:

não mais acompanho, improviso,

faço solo

nem sempre me dou bem

e nesse vai e vem

só entro pelo cano:

sou só um ser humano!

 

Nem reza nem ciência

explica a incoerência,

inconsistência causa danos.

Além do mais

tenho esse humor insano:

sou só um ser humano!

 

TROA HUMANULO

Ĉu asistanto, insistanto,

nekonsistanto aŭ simple rezignanto.

Ne ĉiam sekvas mi la planon:

estas mi certe nur homo!

 

Ĉu malrespondeca, maldresebla,

aŭ ĉu facil-anima:

estas mi certe nur homo!

 

Se bonas kiel konsolo

la gitar' kiun mi ludas

frakasis pro grundofalo

mi ne plu akompanas, improvizias,

sole ludas

ne ĉiam enordas ĉio

kaj tiu skuetiĝo

jen mia malprofito:

estas mi certe nur homo!

 

Nek preĝo nek scienco

eksplikas malkoheron,

senkonsisto onin damaĝas.

Krom tio

frenezan humoron mi havas:

estas mi certe nur homo!

sexta-feira, agosto 23, 2024

ORGANISMO / ORGANISMO

 


                                      ORGANISMO

Sou organismo entre organismos

quisera ser mais orgânico

menos ismos

Organismo que bebe água

transmuta ar terra

essência em fogo

Quisera ser mais orgânico

água terra ar sem tóxico

fogo a temperar o ânimo

Sou organismo e cismo

pouco me abala

organismo de pouca fala

Quisera ser mais sano

que insano

menos alvo seta

mais corpo menos mente

inquieta

Mais orgânico menos tóxico

que poeta

menos teorema, enfim, poema!

mais amor menos doença

menos pensamento:

ser poeta e ser poema

é que compensa!

ORGANISMO

Inter organismoj mi estas organismo

la deziro esti pli organika

malpli ismo

Organismo kiu akvon trinkas

transmutacias aeron teron

esence fajro

Deziro esti pli organika

akvo tero aero sen tokso

fajro hardanta l’animon

Estas mi organismo, sismo

malmulte min skuas

organismo de parol’ malmulta

Deziro esti pli sana ol insana

malpli celo sago

pli da korpo malpli malkvieta menso

pli da ekologio malpli tokso

ol poeto

malpli teoremo, fine, poemo!

Pli da amo malpli malsano

malpli da penso:

esti poeto kaj poemo

jen kompenso!

domingo, julho 28, 2024

SUPERAÇÃO / SUPERADO


 

SUPERAÇÃO

amam-se primo prima

filho filhas oscilam

ou psoríase ou nanismo

no trapézio arame circo

se contorcem se equilibram

como podem

choram choros encolhidos

escondidos

sobrevivem

como podem

enfim os convida a vida

cantem a sua canção

nota após nota tímida

cantando de volta a vida

-- teu nome é Superação!

 

SUPERADO

amas sin kuzo kuzino

filo filinoj svingiĝas

psoriazo aŭ nanismo

en trapezo drato cirka

tordiĝe ekvilibriĝas

laŭeble

ploras plorojn humiliĝitaj

kaŝitaj

laŭeble tamen postvivas

sed, ilin invitas vivo

kantu sian kanton

noton-post-noto timida

kante respondas vivo:

Supero – jen la nomo via!

segunda-feira, julho 01, 2024

KOLEKTIVA BUKEDO! / BUQUÊ COLETIVO!

 💕

KOLEKTIVA BUKEDO!

    Ploru, kompatinda Ulo, kompatinda Paulo, praulo, PraPaulo! Ploru nome de ĉiu homo, same kompatinda, kiel vi, pri via praa ignoro, Absolute klara ignoro, fundamento de ĉiu homo, de la tuta homaro.

     Ploru milde, ploru silente, preskaŭ senhalte. Ĝis via stulto sin lavu per viaj preskaŭ sekaj larmoj. Sekiĝis pli ol viaj larmoj via senkompata ploranta animo. Ploru mem pro via stulto ne kulpo, sed certe respondeco. Via individua respondeco aldoniĝis al tiu kolektiva. Ĉu valoras la penon tiun senhaltan skrapadon de via haŭto? Haltu, kompatindulo! Ploru, ploregu, relernu plori, mi petas, sed haltu sin vundi tiom funde, abunde, senespere!

     Certe vi respondecas pri via abomeninda nuna stato. Ne nur vi respondecas pri tiom stultaj elektoj, misvojoj, misfaroj. Kiu kreis tiom frenezan socian malegalecon se ne vi kaj kunuloj? Kiu kreis politikajn fiajn reĝimojn, konsidere ke ĉiu el ili estas fiaĵo, fiasko, balaaĵo? Ĉu nur iu el vi, aŭ ĉu vi ĉiuj kune, kunside, kunfande?

    Certe ploro nenia lavos vian stulton. Ignori tion estas nur plia floro en la bukedo de kolektiva ignoro. Do, ploru ĥore! Ploru vi kaj kamaradoj. Ĉesu do nun plori kaj ame agu, ĝis via amo atingu ĉies koron, viruse multobliĝu, epidemie iĝu vasta, nova, ampleksa mondovizio. Tiam neniu plu ploru, sed ame sindonu al sia tasko, misio, senmasko.

 

BUQUÊ COLETIVO!

    Chore, sujeito digno de compaixão, digno Paulo, antigo, arcano Paulo! Chore em nome de cada pessoa, digna de compaixão ela mesma, como você, por sua ignorância ancestral. Absolutamente clara ignorância, fundamento de cada pessoa, de toda a humanidade.

    Chore com humildade, em silêncio, quase sem parar. Até que sua estupidez se lave pelas suas lágrimas quase secas. Secaram-se, mais que suas lágrimas, sua disposição chorosa sem compaixão. Chore por sua estupidez mesma, não culpa, mas decerto responsabilidade. Responsabilidade individual que se juntou à coletiva. Vale a pena esse incessante rasgar da sua pele? Pare, pobre sujeito! Chore, chore muito, reaprenda a chorar, te peço, mas pare de se ferir tão fundo, abundante, em desespero!

    Por certo você é responsável por seu abominável estado atual. Não só você responde por escolhas tão estúpidas, descaminhos, más ações. Quem criou tão louca desigualdade social senão você e os companheiros? Quem criou regimes políticos tão terríveis, considerando que todos eles são desgraçados, fracassados, lixo? Só alguns de vocês, ou todos vocês juntos, misturados, em conluio?

    Por certo choro algum lavará sua estupidez. Ignorar isso é só mais uma flor no buquê da ignorância coletiva. Portanto, chorem em coro! Chorem você e os camaradas. Cessem então de chorar agora e amorosamente ajam, até que suas ações atinjam os corações de todos, se multipliquem como virose, vasta como epidemia, nova, ampla visão de mundo. Então, ninguém mais chore, mas em amor se dedique a sua tarefa, missão, máscaras ausentes.


terça-feira, junho 25, 2024

PROSA POESIA / PROZO POEZIO


 

PROSA POESIA
Mais que tanta prosa
Eu Sou o gozo e Quem goza
Mais que verso tosco
Eu Sou translucidez vidro
Eu Sou brilho
Mais e mais Eu Sou Luz
Mesmo se turbulência
Eu Sou quem silencia
Canta em Harmonia
Eu Sou canto cantor Poesia
Acorde no contratempo Eu Sou ritmo 
Mais que tempo quem Eu Sou 
Salta sobre o tempo 
Abraça o infinito Espaço-vasto:
Coração inteiro Amor Eu Sou!


PROZO POEZIO
Pli ol tioma prozo
Estas Mi ĝuo kaj ĝuanto
Pli ol kruda verso 
Estas Mi travideblo vitro
kaj la brilo
Pli kaj pli Estas Mi Lumo
Eĉ se turbulo Estas Mi silentulo
kantante en Harmonio
Estas Mi kanto kantanto Poezio
Akordo en kontraŭaĵ' Estas Mi ritmo 
Pli ol tempo Estas Mi tiu 
Saltanta sur tempo
Brakumanta la senfinan 
Spacovastaĵon.
Plena Amkoro Mi Estas!

sábado, junho 22, 2024

CONCERTO DE JAZZ / ĴAZ-KONCERTO

 

CONCERTO DE JAZZ


Filho Mais Velho e eu retornávamos de um concerto do guitarrista argentino Victor Biglioni em Botafogo. Xande teria então cerca de 15 anos. Depois de atravessarmos o túnel, na altura da Praça da Bandeira, meu Chevette, com o carinhoso apelido de Chevelho, apagou, como se apagam velinhas e velhinhas, sem muita cerimônia. Na época o lugar era conhecido pelos constantes alagamentos e assaltos a mão armada.

Era preciso agir rápido em busca de socorro naquele deserto por volta de 2h da madrugada. Aproximavam-se dois desconhecidos. Suspeitei que não vinham em nosso auxílio. Suspeita mais realista me assaltou as ideias. Pedi ao Xande que ficasse dentro do carro. A intuição me veio como silenciosa ordem, em tom de desafio. Não estuda tanto? Ponha em prática o que aprendeu! Logo me vieram à mente determinados mantras e sons vocálicos ensinados na Ordem Rosacruz -- AMORC. Tenso e me supondo vítima ideal, nas circunstâncias, de possíveis meliantes, antes que estivessem muito perto, visualizei o carro e os ocupantes envoltos em alguns círculos de luz colorida. Envolvi, suponho, com luz os dois que se aproximavam. Não faço ideia de como resolveram se desviar de nós, tomando rumo desconhecido. Sumiram na escuridão. Devo ter voltado a respirar nesse momento.

Ainda assustado, identifiquei-me para os dois PMs que faziam ronda em uma viatura. Chegaram uns dez minutos depois. Confirmaram que a área era muito perigosa. Creio que comecei a contar a eles o ocorrido, mas omiti os detalhes que não compreendia bem. Examinaram o motor, que parou de brincadeira besta e voltou a funcionar. Seguimos para casa comentando a inusitada aventura. Pelo retrovisor percebi que a viatura me seguia. Pouco adiante nos deixou. O Chevelho na certa se cansara de brincadeiras idiotas.

Enfim, bom estar aqui para contar essa lorota. O referido é verdade e dou fé. Se lembra disso, Xande?


ĴAZ-KONCERTO


Filo Plej Maljuna kaj mi revenis de koncerto de la argentina gitaristo Victor Biglioni en Botafogo. Ŝande tiam aĝis ĉirkaŭ 15 jaroj. Post la eliro de la tunelo, proksime al Praça da Bandeira, mia Chevette, karese kromnomita kiel Chevelho, mallumiĝadis, kvazaŭ mallumiĝas kandeloj kaj maljunulinoj, sen ajna ceremonio. Tiam tiu loko estis konata pro konstantaj superakviĝoj kaj pafilportantaj asaltoj.


Necesis rapide agi serĉe de helpo en tiu dezerto ĉirkaŭ la 2ª horo frumatene. Alproksimiĝadis du nekonatuloj. Suspektis mi, ke ili ne venis help-intence. Suspekto pli realisma asaltis min. Petis mi, ke Ŝande restu ene de la aŭto. Intuicio venis al mi kia silenta ordono, defio. Ĉu vi ne tiom studas? Praktiku do kion vi lernis! Tuj venis al mi en la kapo kelkaj mantramoj kaj vokalaj sonoj, laŭ instruoj de la Rozikruca Ordo -- AMORC. Streĉa kaj supozeble ideala viktimo, en tiaj cirkumstancoj, de eblaj friponoj, antaŭ ol ili estu tre proksime, mi mensevidis la aŭton kaj ĝiajn okupantojn ĉirkaŭitajn de kelkaj koloraj lumcirkloj. Supozeble, mi ĉirkaŭis lume tiujn du alproksimiĝantojn. Ideon mi ne havas pri kial ili decidis retroiri for de ni, al nekonata destino. Ili malaperis en mallumo. Certe tiam mi refoje spiradis.


Ankoraŭ timema, mi min identigis al du policistoj, kiuj rondiradis tie en veturilo. Alvenis ili dek minutojn poste. Ili konfirmis, ke tiu loko estis tre danĝera. Supozeble mi komencis rakonti pri la okazintaĵo, sed la detalojn de mi ne bone komprenataj mi preterlasis. Ekzamenadis ili la motoron, kiu ĉesis la sensencan ludon kaj refunkciis. Ni iris hejmen kaj komentis pri la neatendita aventuro. Per la retrospegulo mi perceptis, ke la polica veturilo nin akompanis. Iom poste ĝi nin preterlasis. La Chevelho certe estis laca pri idiotaj ludoj.


Fine, bonas esti ĉi tie por rakonti tiun fifikcion. La referaĵo, tamen, estas vera kaj tion mi atestas. Ĉu vi memoras pri tio, Ŝande?


domingo, junho 16, 2024

PESSOA AMOROSA/ HOM'AMA






Seja como for 

Tudo vale a pena 

Se ensopadinha de amor 

A alma não é pequena.

 

Ĉiel iel ajn 

Se per amo plena 

Ĉio estas gajn' 

El animo bena. 

      (Paŭlo F. Pessoa Nascentes)


RELATIVO

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